Ximango da Aeromot nas cores da USAF


Nas asas da Tecnologia Os pequenos aviões da Aeromot ganharam os céus do mundo e são cobiçados até pelos chineses.

ADRIANA MATTOS - Istoé dinheiro - via NOTIMP FAB: 175/2008 de 23/06/2008

EM 2001, O ENGENHEIRO aeronáutico Cláudio Barreto Viana, dono e presidente da Aeromot, surpreendeu o mundo ao vencer empresas alemãs e austríacas em uma concorrência para a venda de aeronaves à Força Aérea dos Estados Unidos (USAF). Até então, a Aeromot não passava de uma pequena fabricante de aviões, situada na periferia de Porto Alegre (RS). Os 14 aeroplanadores Ximango enviados para a Academia de Colorado Springs são usados até hoje para treinar os cadetes. A transação rendeu US$ 3,5 milhões ao empresário e também lhe abriu as portas do mercado global. "Passamos a ser procurados por empresas de todos os cantos do planeta", conta Viana. Uma delas é a Guizhou Aviation Industry Group (Gaig), gigante chinesa que fabrica aeronaves, automóveis, motocicletas e ônibus. De sua linha de montagem saem caças de combate da família MIG, fabricados sob licença do governo russo. A Gaig está montando uma fábrica específica para os modelos Ximango e Guri. Viana terá 20% de um negócio que exigirá um desembolso inicial de US$ 5 milhões. O empresário brasileiro não vai desembolsar um centavo sequer.

"Minha parte será coberta pela transferência de tecnologia", explica. Além disso, os chineses se comprometem a comprar da Aeromot peças como trem de pouso e ferragens para sustentação do motor, por exemplo. No início de junho, um grupo de 50 técnicos chineses desembarcou em Porto Alegre (RS) para fazer um estágio de seis meses na fábrica da Aeromot.
A parceria também é fruto da obstinação do engenheiro aeronáutico de 77 anos. Formado no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), Viana dirigiu o departamento de manutenção da Varig. Deixou a companhia em 1967 para alçar vôo solo. Criou a Aeromot e passou a desenvolver pequenos aviões. Em 1983, aliou-se à francesa René Fournier para disputar a concorrência internacional promovida pelo Departamento de Aviação Civil (DAC). Ali surgiu o Ximango. "Desde então, o projeto já sofreu mais de mil modificações e hoje é, certamente, o mais moderno do mundo nessa categoria", diz o empresário.