24 de agosto de 1954 - O Suicídio de Getúlio Vargas

 
 
O SUICÍDIO SEGUNDO A REPORTAGEM DE A NOITE

Fonte: Constelar

Pouco antes das 9 horas a reportagem de A Noite junto ao Palácio do Catete transmitia-nos uma informação extremamente dramática: o Sr. Getúlio Vargas acabava de suicidar-se. Com um tiro no coração, executara a decisão extrema. Foi chamada com urgência uma ambulância. Getúlio Vargas exalara já o último suspiro.

A primeira pessoa a informar sobre o suicídio de Getúlio Vargas foi o seu sobrinho, capitão Dorneles. Ouvira um tiro. Acorrera aos aposentos presidenciais. E de lá saía logo com a notícia impressionante: matara-se Getúlio Vargas.

A ambulância do Pronto Socorro que foi ao Palácio era chefiada pelo Dr. Rodolfo Perricê. Esse médico informou, ao regressar, que já encontrara o presidente morto, na cama, em seus aposentos particulares, cercado de membros da família. Vestia pijama e apresentava uma perfuração no coração. Estava com as vestes empapadas de sangue. (...)

Durante toda a noite se desenrolaram os episódios que viriam a culminar com o suicídio de Getúlio Vargas. Às três horas o Palácio do Catete era cenário de uma reunião que marcará um dos episódios mais dramáticos da história do Brasil atual. Convidado a renunciar, Getúlio Vargas recusou-se a atender ao apelo. A crise se prolongou e se acentuava. Veio finalmente a sugestão que foi redigida sem demora e com a qual parecia ter se conformado o ex-presidente: a licença, ao invés da renúncia. Mas a verdade é que Getúlio Vargas ia cumprir a promessa que fizera de só morto deixar o Catete. (...)

Após os primeiros instantes de estupefação, dentro do Palácio do Catete, o general Caiado de Castro conseguiu entrar no aposento em que se encontrava o Presidente Getúlio Vargas caído com uma marca de sangue à altura do coração. No mesmo momento, dona Darcy Vargas, que seguia atrás do general Caiado, atirava-se para frente e, segurando as pernas do extinto, puxava-as exclamando:

-Getúlio, por que fizeste isso??

Logo depois entrava no quarto o Sr. Lutero Vargas e sentava-se ao lado do corpo, em prantos.

Às 9 horas surgia a notícia emocionante. Estavam terminados os dias do ex-chefe da Nação." (A Noite, 24 de agosto de 1954)

A madrugada trágica - um tiro no coração

Fonte: JB
“Saio da vida para entrar na História”. Getúlio Vargas

Pressionado por uma série de episódios decorrentes da crise político-militar, que culminou na exigência imposta pelo Alto Comando das Forças Armadas de seu afastamento da Presidência da República, Getúlio Vargas renunciou à vida com um tiro no coração. Sua morte refletiu imediatamente seu prestígio junto aos brasileiros, promovendo uma comoção popular de ordem jamais vista no país. Manifestações populares eclodiram Brasil afora, sobretudo nas grandes cidades. O novo presidente, Café Filho, assumiu o poder ainda na manhã de 24 de agosto prestando juramento no Palácio das Laranjeiras, praticamente vazio. Sendo a figura do Getúlio o alvo direto da ostensiva campanha da oposição, seu ato final de sacrifício neutralizou as vantagens políticas e psicológicas que os antigetulistas haviam acumulado.
A Carta-Testamento
A Carta-Testamento deixada por Getúlio momentos antes de sua morte, e endereçada ao povo brasileiro, promoveu grande impacto junto à opinião pública. Naquela mesma manhã foi divulgada pela Rádio Nacional e irradiada para todo o país. Nela, Vargas acusou a oposição e também o poder americano de coibir as iniciativas de seu governo. Tornou-se uma referência de valores e ideais para seus herdeiros políticos e seguidores. Confira aqui o documento na íntegra! Anos mais tarde, a família de Vargas encontraria uma outra carta-testamento, esta manuscrita, entre seus pertences.
"Deixo à sanha dos meus inimigos, o legado da minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia". Trecho da carta manuscrita de Getúlio Vargas.

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