Boeing apresenta Super Hornet para a imprensa brasileira



Por Vinicius Pimenta - Defesa Brasil

Maior empresa aeroespacial do mundo confia na vitória na concorrência da FAB.

O Vice-Presidente da Boeing para os Programas F/A -18 e EA-18, Bob Gower, apresentou para a imprensa brasileira, nesta terça (28/10), em São Paulo-SP, a aeronave F/A-18 E/F Super Hornet Block II, uma das três finalistas do Projeto F-X da Força Aérea Brasileira. Ele ressaltou as capacidades da aeronave e a disposição da empresa e do governo dos Estados Unidos em construir uma parceira estratégica de longo prazo com o Brasil. Além de Gower, estavam presentes na coletiva de imprensa as principais lideranças da Boeing Integrated Defense Systems e o adido de imprensa do Consulado norte-americano.

Bob Gower procurou derrubar o mito de que os Estados Unidos não transferem tecnologia. Ele explicou que a Boeing só respondeu ao RFI da FAB tendo o suporte do governo norte-americano. Isso permite que a venda para o Brasil seja através do FMS (Foreign Miliary Sales), e a presença de um representante do consulado na coletiva era uma prova da disposição do Governo dos EUA em estreitar as relações com o país.

F/A-18 E/F Super Hornet. Foto: Boeing
F/A-18 E/F Super Hornet. Foto: Boeing

Ele informou, no entanto, que os armamentos não foram especificados na resposta porque a FAB não incluiu a parte de armamento no RFI. Assim que houver o pedido, o que deve acontecer no RFP, essa questão será analisada. “Algumas armas serão americanas, outras brasileiras, isso faz parte do processo de transferência de tecnologia. A FAB é quem vai escolher se fará a integração aqui no Brasil ou lá nos EUA. Quando entregarmos o RFP, tudo estará aprovado.”, concluiu.

Ao ser questionado sobre as negativas no fornecimento de material militar para o Brasil no passado, Gower disse que a política norte-americana para a região mudou e cita como garantias o histórico da Boeing na relação com seus clientes. “Promessas feitas, promessas cumpridas.”, afirmou.

O Vice Presidente disse que o RFP deve ser entregue pela FAB na próxima quinta-feira (30/10) e a resposta da Boeing será enviada no início de janeiro. Ele aproveitou para elogiar a forma como a FAB vem conduzindo o processo. “O RFI do Brasil foi o melhor de se responder porque era claro. A FAB sabe exatamente o que quer.”

O Super Hornet

Gower explicou que o Super Hornet nada tem em comum com o “baby Hornet”, termo pelo qual se referiu ao F/A-18A. “Mudamos totalmente a plataforma. Entre 1990 e 1995, por exemplo, reprojetamos toda a fuselagem dianteira para otimizar a operação do radar. É como o Tucano e o Super Tucano, em comum há apenas o nome.”, afirmou.

Arte do Super Hornet com as cores da FAB. Arte: Boeing
Arte do Super Hornet com as cores da FAB. Arte: Boeing

Para ele, o Super Hornet reúne o que há de melhor em matéria de tecnologias avançadas. É o primeiro avião equipado com um radar AESA, disponível para o Brasil, oito vezes mais capaz que as versões anteriores. “Estamos tentando nos distanciar dessa conversa de 5ª Geração, pois isso é uma conversa de marketing.”, enfatizou. A aeronave foi projetada para substituir todos os modelos embarcados em operação pela US Navy (F/A-18A/D, EA-6B, S-3B e F-14 A/D), o que permitirá uma economia de 1 bilhão de dólares anuais.

Por ser concebida para trabalhar em ambientes extremos, desde regiões glaciais, desérticas, tropicais ou em ambientes altamente corrosivos como o marítimo, o Super Hornet tem um projeto muito robusto. Sua manutenção foi pensada para ser feita com pouco suporte e pode ser realizada por apenas cinco pessoas. A troca do motor, por exemplo, pode ser feita de 30 minutos a 1 hora, e o avião já pode voar sem a necessidade de testes adicionais.

O Super Hornet é capaz de cumprir missões de ataques de precisão em qualquer tempo, ataque naval, supressão de defesa aérea, suporte aéreo aproximado, superioridade aérea, ataque eletrônico, reconhecimento, escolta e reabastecimento em vôo de outras aeronaves.

Com um total de 11 estações armas, proporciona flexibilidade ao poder transportar uma carga útil mista de armamentos ar-ar e ar-solo. Impulsionado por dois General Electric F414-GE-400, está equipado com o radar APG-79 (tecnologia AESA), ATFLIR, mira montada no capacete (JHMCS) e um sistema de distribuição de informações multifuncional (MIDIS).

Cerca de 370 aviões já foram entregues, todos antes do prazo. Desses, 55% com mais de 3 meses de antecedência. Além do Brasil, o Super Hornet está disputando as corrências da Índia, para 126 aeronaves, Dinarca (48) e Japão (50). A Austrália tem 24 pedidos firmes da versão biplace (F – dois lugares) e a US Navy decidirá em 2009 quantos comprará para substituir os atuais F/A-18A Hornet.

Gama de armamentos do Super Hornet. Arte: Boeing
Gama de armamentos do Super Hornet. Arte: Boeing

Decisão política

Questionado se tinha algum receio de perder a concorrência para algum concorrente, Gower disse que eles já concorreram contra o Rafale em outras ocasiões e sempre ganharam, enquanto o Gripen não traria o relacionamento entre países. “A França acha o Rafale capaz, mas o Super Hornet é melhor.”, alfinetou.

“Não está claro como será o critério de escolha. Historicamente ganhamos aqui, mas vai ser também uma decisão política.”, afirmou Gower. “O desafio é vencer no campo técnico, governamental e comercial.”, concluiu.

Cooperação Industrial

Gower disse que a Boeing deseja uma parceria de igual para igual com a Embraer, pois isso é estratégico para a empresa. “Se houver alguma empresa no Brasil interessada em fabricar alguma parte do avião, será feito. Dependerá do que Brasil vai querer.”, afirmou.

Ele também destacou que Boeing já completou programas de cooperação industrial em 35 países com o valor total próximo de US$ 30 bilhões. Atualmente há 45 programas em curso em 17 países.


Super Hornet para a Marinha

Perguntado sobre a possibilidade de operação do Super Hornet no Navio-Aeródromo (porta-aviões) São Paulo da Marinha do Brasil, Gower respondeu que eles fizeram uma análise preliminar com informações públicas sobre o navio e, a princípio, seria possível a operação da aeronave no A-12, mas que seriam necessárias análises mais aprofundadas para determinar isso.

Boeing

Bob Gower ressaltou o fato de a Boeing ser a maior empresa aeroespacial do mundo, líder na fabricação de aviões e satélites e a principal fornecedora da NASA. Presente em mais de 70 países, a Boeing tem uma carteira de pedidos de US$ 66,4 bilhões. Somente a Boeing Integrated Defense Systems, divisão da empresa responsável pela área de aeronaves militares, armamento, sistemas de inteligência, vigilância e comunicações, responde por quase metade das receitas da empresa, com pedidos da ordem de US$ 32,1 bilhões e uma força de trabalho de cerca de 71 mil funcionários pelo mundo.