Nos EUA, Jobim reitera desejo de desenvolver indústria militar nacional

Da EFE - Via G1

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou hoje que o Brasil só comprará caças que permitam o desenvolvimento da indústria militar nacional e criticou os Estados Unidos por colocarem obstáculos à transferência de tecnologia.

"Nós não nos apresentamos no mundo como compradores de equipamentos de defesa. O que nós queremos é que essa indústria se desenvolva no Brasil", afirmou Jobim em discurso no Woodrow Wilson Center, um instituto de estudos independente.

O Brasil pretende renovar sua Força Aérea com a aquisição dos F-18 Super Hornet, fabricados pela empresa americana Boeing, os Rafale da francesa Dassault e os Gripen da sueca Saab.

Na conferência, o embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, disse ter esperança de que o caça americano seja o escolhido, o que, segundo ele, daria continuidade "à vinculação das duas nações em matéria econômica e militar".

O ministro, que se reunirá hoje com o futuro Conselheiro de Segurança Nacional, o ex-general James Jones, lembrou que o Brasil recebeu um GPS (sistema de posicionamento global) "degradado" dos EUA para o modelo Supertucano da Embraer.

O GPS é peça fundamental do sistema de guia e de tiro da aeronave.

No final, o problema foi "solucionado", graças à intervenção de Sobel, explicou Jobim, que disse que esse caso demonstra o perigo da "dependência" de outros países para a manutenção dos acessórios militares adquiridos.

O Brasil quer adquirir um pequeno lote inicial do avião escolhido para depois produzir as unidades seguintes no país.

Para desenvolver a própria indústria, o setor militar precisará de "um regime jurídico, regulador e tributário especial", sustentou Jobim, que enfatizou que as compras públicas deverão continuar para que a capacidade de produção do país seja mantida.

O Brasil também está imerso em um projeto para modernizar a força naval e proteger assim os recursos de hidrocarbonetos em águas profundas.

Graças a um convênio assinado com a França, o país receberá tecnologia para a construção dos sistemas não atômicos de um submarino de propulsão nuclear, disse Jobim.

O ministro assegurou que a renovação das forças armadas tem um objetivo dissuasório frente a possíveis agressores e destacou que o Brasil não mantém disputas fronteiriças com nenhum dos países vizinhos.

No entanto, ele reconheceu que há tensões com o Equador, depois que o Governo de Quito apresentou um requerimento perante a Corte Internacional de Arbitragem para frear o pagamento de um crédito concedido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O Governo respondeu chamando a consultas seu embaixador em Quito e Jobim descartou que a controvérsia diplomática leve a um conflito militar.

"Não há nenhuma possibilidade de que este momento de desavenças com o Equador" tenha conseqüências maiores. "Isso se resolve na mesa" de negociações, assegurou Jobim.