1906: O misterioso naufrágio do Encouraçado Aquidabã em Angra dos Reis

Fonte: Acervo Digital

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Em tempos de paz, um dos acontecimentos mais trágicos da história da Marinha brasileira foi a explosão do encouraçado Aquidabã, na Baía de Jacuacanga, em Angra dos Reis. O naufrágio causou a morte de 112 pessoas, entre elas, várias autoridades militares.

Sua construção surgiu após 1980, quando o Ministro da Marinha, Almirante José Rodrigues de Lima Duarte relatou à Câmara dos Deputados sobre a urgência de modernização da então Marinha Imperial. Dois encouraçados foram encomendados: Riachuelo e Aquidabã.


O "Encouraçado de Esquadra" (assim era sua classificação) foi construído no estaleiro Samuda & Brothers da Grã-Bretanha, e lançado ao mar a 14 de agosto de 1885, tendo como primeiro comandante o Capitão de Mar e Guerra Custódio José de Melo.


Com quatro canhões de retrocarga de 9 polegadas, quatro canhões de 5 polegadas no convés superior, 16 metralhadoras e cinco tubos para lançamento de torpedos, o Aquidabã tinha 93 m de comprimento por 17 m de largura e motores a vapor de 6.200 hp.
Seus idealizadores o consideravam com um dos mais avançadas daquele tempo.


Participou de várias batalhas e missões, entre elas, participação especial em novembro de 1891, quando, com um tiro de canhão, ajudou a impedir uma tentativa de golpe de estado. Foi uma espécie de tiro de advertência à Esquadra de São Pedro, disparo que atingiu uma das torres da Igreja da Candelária, no centro do Rio.

Dois anos depois, outra participação decisiva aconteceu durante a Revolta da Armada , em que seu primeiro comandante estava de volta. Promovido a Almirante, Custódio de Melo que chefiou uma rebelião contra o governo republicano de Floriano Peixoto.
Por ironia do destino, Custódio de Melo que antes havia chamado o navio de "Encouraçado de Papelão" - por não acreditar na sua blindagem -, ficou surpreso quando a embarcação resistiu à artilharia dos leais ao governo, mesmo após atravessar por três vezes a baia da Guanabara. Assim, o Almirante rebatizava o encouraçado de "Casaca de Ferro".


Na Revolta da Armada

Aproveitando que o Aquidabã (sob o comando do Comandante Alexandrino de Alencar), se encontrava em péssimas condições, os legalistas atacariam o encouraçado.
O Aquidabã fora deixado no perto da das fortalezas da Ilha do Desterro (atual Florianópolis), para proteger o porto local de ataques dos legalistas, enquanto o Almirante Custódio de Mello partia com a os navios rebeldes (os vapores armados Iris, Meteoro, Uranus e Esperança) ao porto e a cidade de Rio Grande (RS), posição estratégica para a causa dos revoltosos.

Perto da Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, o Aquidabã, depois de receber ataques do Contratorpedeiro Gustavo Sampaio, afundaria parcialmente.

Mais tarde seria levado ao Rio de Janeiro onde passou por reparos iniciais e seguiu para os estaleiros Vulcan, em Stettin-Alemanha e no estaleiro Elswik, em New Castle-Grã-Bretanha, onde se casco e máquinas e peças de artilharia sofreriam a devida recuperação.

Voltou à atividade em 1897 com mais poder de fogo, trazendo dois canhões Armstrong de 203mm, quatro de 120mm e 15 metralhadoras Nordenfeld.

Os anos se passaram. O encouraçado Aquidabã ainda participaria em 1906 da 1ª Divisão Naval , quando foram realizados experiências de telegrafia sem fio durante uma viagem à Ilha Grande.

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O dia da tragédia

No dia 21 de janeiro de 1906, a tripulação recebeu ordem para acompanhar o navio cruzador "Almirante Barroso" onde viajavam membros de uma comitiva especial cuja função era escolher a área para a instalação do Arsenal de Marinha na Baía de Jacuacanga, em Angra dos Reis.


Eram cerca de 23:15. De repente, toda enseada estremeceria com uma violenta explosão. O encouraçado avermelhou-se em chamas, partiu-s em dois e afundou em menos de cinco minutos.

Foi o maior acidente com um navio da Marinha, quando pereceram vários integrantes do ministério. Salvara-se 98 pessoas

O desastre causou a morte de 112 pessoas, entre elas, vários militares como o Contra-Almirantes Rodrigues da Rocha e Cândido Brasil e Calheiros da Graça.
Também o Guarda-Marinha Mário de Noronha, filho do Ministro da Marinha, Júlio César de Noronha, além do sobrinho Capitão-Tenente Henrique de Noronha, e do contra-almirante Rodrigo José da Rocha, que tiveram seus corpos resgatados entre os mortos. A Marinha teve que criar um setor de identificação dos corpos, já que vários deles estavam mutilados devido a explosão e na época, não foi possível identificação.


Quanto à exatidão do dramático acontecimento, foram encontrados três relógios encontrados que ainda marcavam a hora aproximada da explosão. O relógio do capitão Santos Porto marcava 22h42; o do segundo tenente Enéas Cadaval, 22h45; e do Almirante Calheiros 22h47.


Os destroços do Aquidabã estão submersos a uma profundidade que varia entre 10 e 18 metros e atrais muitos mergulhadores. Nunca foram explicados totalmente os motivos da explosão.