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Concentrado de urânio
Brasil pode ter maior reserva de urânio do mundo

Jornal Dia a Dia - por Lisandra Martins

O Brasil pode alcançar o topo da lista dos países com as maiores reservas de urânio do mundo. A informação foi dada pelo Contra-almirante da Marinha do Brasil, Carlos Passos Bezerril (foto), durante almoço com mais de 600 empresários no Fórum de Temas Nacionais da ADVB-SP (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil) realizado ontem (23), em São Paulo. Segundo Bezerril, apenas 30% do território nacional foi prospectado até então, fazendo com que o Brasil fosse classificado como a sexta nação mais rica em urânio no mundo. “Atualmente contamos com 309 mil toneladas, mas há a estimativa de que tenhamos mais 800 mil toneladas, o que fará do Brasil a primeira ou a segunda reserva do mundo”, explicou o representante da Marinha. A palestra teve como tema a produção de energia nuclear com tecnologia nacional e a construção do primeiro submarino atômico brasileiro.

Para o Brasil, tomar conhecimento da capacidade de sua reserva de urânio significa ter acesso à matéria-prima necessária para a produção de energia nuclear. “Poderemos aumentar a participação da matriz nuclear na matriz energética do Brasil”, enfatizou Bezerril. Cerca de 16% de toda a energia elétrica do mundo vem da fonte nuclear. No Brasil, 85% vem de fonte hidrelétrica.

“A Marinha brasileira está na vanguarda, precursora da tecnologia, da pesquisa, liderando estudos fundamentais para a defesa brasileira para fins pacíficos, para a indústria, a agricultura, setores variados da economia e também para a medicina nuclear”, enfatizou o ex-governador de São Paulo e atual secretário de desenvolvimento do Estado, Geraldo Alckmin, presidente de honra da solenidade de abertura do Fórum.

Durante o almoço realizado pela ADVB-SP, Bezerril informou aos empresários que o Brasil já tem o domínio completo do ciclo do combustível nuclear e agora avança em direção à tecnologia necessária para a construção dos reatores destinados à geração da energia. O contra-almirante reforçou também que os trabalhos de pesquisa relacionados à energia nuclear podem ser realizados com a parceria da iniciativa privada. Na ocasião, informou ainda que a parceria que está sendo negociada entre a Marinha do Brasil e a França prevê a construção de quatro submarinos convencionais e um submarino nuclear.

Sobre a energia nuclear
De acordo com a Marinha do Brasil, em texto publicado em seu portal na internet, o https://www.mar.mil.br/pnm/pnm.htm, a energia nuclear é uma fonte de energia firme e limpa, não emite gás poluente para a atmosfera, utiliza em sua construção um número reduzido de materiais (por kWh) se comparada com a energia solar e eólica, produz pequena quantidade de rejeitos, e não contribui para o efeito estufa, pois não emite dióxido de carbono (CO2), ao contrário do carvão, petróleo e gás; além de não necessitar dos grandes reservatórios (com seus decorrentes problemas ambientais) das hidroelétricas. Única alternativa viável, para a maior parte dos países, para suprir a crescente demanda por energia ante a futura escassez dos combustíveis fósseis, não é sem razão que a maior concentração de usinas nucleares encontra-se nas principais regiões consumidoras de energia do mundo.

Ainda segundo as informações publicadas no portal da Marinha na internet: “Como resultado de grande esforço nacional, o Brasil tem capacidade de fabricar o próprio combustível nuclear, sem nenhuma dependência externa, e o conhecimento para projetar e construir plantas nucleares de potência, que custam no mercado internacional acima de três bilhões de dólares cada”.