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Robert Taylor, ao centro, com brigadeiro Macedo, ao lado direito, e demais pilotos (Foto: Reprodução)


Brigadeiro foi fundador da Base Aérea de Fortaleza

Fonte: Diário do Nordeste

O major brigadeiro-do-ar, José Sampaio Macedo, mais conhecido na Força Aérea Brasileira como “Zé do Crato”, deixou seu nome na história da aviação como um dos pilotos mais corajosos e disciplinados. O livro “História da Aviação no Ceará”, escrito por Augusto Oliveira e Ivonildo Lavor, apresenta o brigadeiro como um capítulo a parte. Ele foi fundador e primeiro comandante da Base Aérea de Fortaleza e opositor ao projeto americano “Mucuripe Field”, que previa a construção de um aeroporto no coração do bairro Aldeota, em Fortaleza.

“Você está me impedindo de construir um dos mais importantes aeroportos da Americana Latina”, argumentou o comandante americano. O brigadeiro Macedo respondeu que estava defendendo o crescimento da mais linda Capital do Nordeste. A interferência de Zé do Crato contribui para que o projeto fosse embargado.

Homem destemido

Conhecido pelos seus biógrafos como um homem destemido que evocava audácia e muito coragem, Macedo foi personagem de façanhas que marcaram a história da Aeronáutica. O livro conta que uma das aventuras do brigadeiro foi a sua viagem a Los Angeles, na Califórnia, que tinha como missão trazer para o Brasil, via Chile, um grupo de seis aviões B-17.(rota abaixo)

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Enquanto a compra dos aviões não se efetivava, Macedo passou vários dias freqüentando os estúdios cinematográficos de Hollywood, às vezes olhando diretores de cinema que filmavam cenas de batalhas aéreas, em que figuravam como atores Robert Taylor e Walter Pidgeon. De lá, trouxe várias fotos ao lado dos astros americanos, os mais famosos da época.

Foi o brigadeiro Macedo quem marcou e inaugurou todos os aeroportos da Rota do São Francisco, de Minas Gerais ao Ceará. Ele foi também pioneiro do Correio Aéreo Militar (CAM), que, mais tarde, se transformou em Correio Aéreo Nacional (CAN).

Inaugurou no dia 15 de fevereiro de 1933 a linha Rio de Janeiro-Fortaleza, escalando em Belo Horizonte, Pirapora Januária, Bom Jesus da Lapa, Barra, Xique-Xique, Remanso, Juazeiro da Bahia, Petrolina, Juazeiro do Norte, Iguatu e, também, no município de Quixadá, sertão central do Ceará. A aeronave utilizada neste vôo foi um avião Wacco, modelo CSO C-21.

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Wacco CSO C-41

Durante o percurso, ocorreu um fato histórico. O encontro do brigadeiro com o Padre Cícero no Aeroporto.


A história de Zé do Crato não ficou somente no ar. Cansado das aventuras aéreas, Macedo se apresentou como voluntário para combater o bando de Lampião no Raso da Catarina, localizado no sertão da Bahia.


Combate a Lampião

No comando de 54 homens, dispostos e corajosos, levando como carga um fuzil, 200 cartuchos, rapadura e farinha, o então tenente Macedo, seguiu as pegadas do cangaceiro. Porém, voltou para casa, dias depois, com um tiro no tornozelo.

O brigadeiro não fazia apologias de suas aventuras. Quando perguntado o motivo pelo qual se apresentou para combater Lampião, respondia assim: “Foi besteira, minha coisa de juventude. Não vi Lampião nem de longe. Ouvi os gritos dele, por um rochedo, dizendo: ´Teus dias estão contados, tenente Macedo´”, contava o major brigadeiro.

Castelo Branco

Transferido para a reserva da Força Aérea Brasileira, no posto de major-brigadeiro, no ano de l951, Macedo morou três anos na fazenda Parelha, no município de Quixeramobim. Depois, voltou para a cidade do Crato, onde morreu em 1992, com 84 anos.

No Crato, montou uma indústria de destilaria de cachaça que hoje é administrada pelo seu neto, Ricardo Biscúcia.

O jornalista Huberto Cabral lembra que quando o presidente Castelo Branco visitou o Crato, o brigadeiro Macedo esperou a sua passagem na Praça Siqueira Campos.

Ao avistá-lo no meio da multidão, o presidente perguntou: “O que tu estás fazendo aqui, Zé do Crato?”. O brigadeiro respondeu que “estou fabricando cachaça para alegrar o povo, dar emprego a polícia, juiz e advogado”, disse.