SAAB Contesta Adversários e vê vantagem em GRIPEN NG ser Protótipo

Michelly Chaves Teixeira - Agencia Estado - Via DefesaNet

Apontado como uma fraqueza por Dassault e Boeing, o fato de o caça Gripen NG ainda não ter saído do papel é visto como um trunfo pela Saab, que participa da licitação para renovar a frota de supersônicos da Força Aérea Brasileira (FAB). Para o diretor-geral da Saab no Brasil, Bengt Janér, o "ponto forte" da nova geração do caça sueco é justamente sua condição de protótipo. "Comprando um produto pronto, você vai se limitar a seguir um manual, uma receita. O que nós propomos é desenvolver o caça junto com um parceiro nacional", afirmou o executivo à Agência Estado, dizendo que a Saab assumiria qualquer custo adicional que despontasse durante o desenvolvimento do projeto.

Na avaliação de Janér, o que atraiu a atenção da FAB para o seu projeto e levou a Embraer a se manifestar favoravelmente à Saab foi o projeto em desenvolvimento. "Quem nos defende vê o potencial de compartilhamento de propriedade intelectual para a construção de um produto sueco-brasileiro", destacou.

A expectativa do mercado é de que o vencedor da licitação FX-2, que em princípio envolve 36 supersônicos, seja anunciado ainda em novembro. A proposta encaminhada pela Saab ao governo prevê o desenvolvimento de 40% do avião - software, integração de sistemas e projeto da nova fuselagem - em solo brasileiro. Segundo Janér, 80% da produção da parte estrutural dos caças, como fuselagem traseira, intermediária, asas e portas do trem de pouso, seria feita no Brasil.

Em sua proposta, a Boeing disse que o País poderá optar pela montagem do F/A-18 Super Hornet em solo brasileiro. A norte-americana manifestou publicamente sua intenção de tornar o Brasil uma de suas plataformas de exportação de peças do caça, como partes como asa e fuselagem. Já a francesa Dassault, que parece ter caído nas graças do governo brasileiro, prevê produzir 30 unidades do Rafale no Brasil a partir do sétimo exemplar.

O executivo da SAAB julga que o fato de o projeto de desenvolvimento do Gripen NG não ser verticalizado, ou seja, possibilita a encomenda de peças de terceiros em áreas menos estratégicas, lhe confere vantagem em relação à adversária francesa, pois traz preços mais palatáveis. "Nisso nós fazemos um pouco como a Embraer: compramos o que há de melhor de fornecedores internacionais, assim ganhamos com a economia de escala", afirmou.

Trabalhos envolvendo áreas mais delicadas, como a integração de sistema e tecnologias para promover a fusão de dados, são feitos dentro de casa e seriam compartilhados com o Brasil, no caso de a sueca vencer a concorrência. "O importante é saber integrar os subsistemas da aeronaves às suas funcionalidades. Assim, o Brasil poderá fazer seu próprio caça sem precisar fabricar peças como motor, por exemplo, tendo a liberdade de escolher seu próprio fornecedor, mas o conhecimento necessário para integrar os sistemas", disse.

Por ser monomotor, a Gripen NG tem o preço mais baixo a seu favor, comentou Janér, sem mencionar valores. De acordo com ele, o Brasil economizaria quase US$ 3 bilhões em 40 anos, prazo estimado para a vida útil destes aparelhos, caso escolhesse um modelo com um motor, considerando as despesas com querosene, manutenção, óleos lubrificantes e itens sobressalentes.

Para ele, trabalhar com um único motor não constitui um ponto negativo para o Gripen NG. A Saab estima que, nos próximos 20 anos, 5 mil caças sejam substituídos ao redor do globo, gerando um mercado para 2,5 mil aeronaves - a maior parte deles monomotor, complementa Janér. "Considerando uma parceria com o Brasil, nós poderíamos vender entre 200 e 400 caças em âmbito mundial, numa projeção conservadora", avalia Janér.

Além do Brasil, Saab tenta vender o Gripen NG para Dinamarca, Holanda e Índia entre 2011 e 2015. A Suécia negocia a venda, também, de caças Gripen C e D, da geração anterior e em operação em cinco países, para Suíça e Malásia.