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Abertura comercial ao Haiti será discutida por Hillary no Brasil


A flexibilização das regras de comércio entre Estados Unidos e Haiti para facilitar a instalação de firmas brasileiras dedicadas a importar matéria-prima do Brasil e exportar ao mercado americano será um dos principais temas a serem tratados pela secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, com as autoridades brasileiras, durante visita ao Brasil na próxima semana.

Hillary havia informado ao governo brasileiro que visitaria o país assim que o novo embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, assumisse o posto. Shannon assumiu no dia 3 de fevereiro. Hillary se encontra com o ministro de Relações Exteriores, Celso amorim, no dia 3 de março. "Ela cumpriu a promessa de vir logo que fosse credenciado o embaixador", comentou, ao confirmar a visita para o Valor, o secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Antônio Patriota.

A visita de Hillary é antecedida por uma série de encontros de alto nível, o que mostra a intensidade dos contatos entre o governo brasileiro e a administração Barack Obama. Hoje, em Washington, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, deve se encontrar com o secretário de Defesa americano, Robert Gates. Na sexta-feira, chega ao Brasil o subsecretário de Estado dos EUA, William Burns, para preparar a visita de Hillary. Burns, que terá encontros com autoridades do Itamaraty, tem, entre suas principais tarefas, a questão do Irã, acusado pelos EUA de promover clandestinamente um programa nuclear com fins militares.

À exceção do Irã, contra o qual os Estados Unidos querem aplicar sanções que não recebem respaldo do Brasil, os temas que devem ser tratados por Hillary nas discussões com os brasileiros são o que se costuma chamar de "agenda positiva": o governo brasileiro quer dar maior dimensão à coleção de acordos e mecanismos políticos montados pelos dois governos nos últimos anos, abrigando esses compromissos diplomáticos em um só "mecanismo abrangente", que poderia incluir encontros regulares entre o ministro de Relações Exteriores do Brasil e o titular da Secretaria de Estado americana.

Esse mecanismo, segundo Patriota, deverá reunir sob um mesmo "guarda-chuva" as trocas de informações e consultas entre a Secretaria de Estado dos EUA, o Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, da sigla em inglês) e o Itamaraty, além dos acordos existentes nas áreas de ciência e tecnologia, energia e biocombustíveis, entre outras iniciativas conjuntas.

Patriota comenta que o governo deverá discutir com Hillary temas multilaterais, como as mudanças climáticas, a cooperação internacional pela reconstrução do Haiti e a "governança global" por meio do G-20, o grupo que reúne as economias mais influentes do globo.

As queixas sobre a presença militar dos Estados Unidos na Colômbia devem receber tratamento semelhante ao dado em Washington pelo ministro Jobim, que considerou ter recebido os esclarecimentos e garantias suficientes por parte dos governos dos EUA e da Colômbia de que não haverá movimentação de tropas americanas na região, nem atuação fora das fronteiras daquele país.

Embora o secretário-geral não confirme, há informação, no Itamaraty, de que o governo brasileiro tem interesse em tratar com Hillary da distensão política e econômica entre os Estados Unidos e Cuba. O governo do presidente Barack Obama adotou medidas de abrandamento do bloqueio a Cuba, mas há expectativa nos países da região de maior avanço na eliminação do bloqueio. O tema deve ser um dos pontos do comunicado conjunto da reunião dos países do grupo do Rio, reunido em Cancún, no México nesta semana.

Bill Burns visitou recentemente a Síria, onde acompanhou a reinstalação da embaixada americana no país, após cinco anos de rompimento de relações diplomáticas entre os dois países. A coincidência dá ao Brasil oportunidade de aproveitar a visita do alto funcionário americano para discutir temas relacionados ao Oriente Médio.