Frota de MiG-27 indiana volta ao chão
Sequência de acidentes põe em causa industria indiana

Na sequência de mais um incidente com um caça-bombardeiro MiG-27 «Floger» de fabricação russa, as autoridades militares indianas voltaram a dar ordens para proibir as aeronaves daquele tipo de voar.

A força aérea da união indiana conta com mais de 100 unidades desta aeronave ao serviço, distribuídas por cinco esquadrões colocados nas regiões ocidentais da Índia, mais próximo da fronteira com o Paquistão, e todas essas cinco unidades são afetadas pela decisão.

Problemas com a motorização
A força aérea da índia tem tido muitos problemas com contínuos acidentes. Só no ano de 2009, caíram quase vinte aviões militares, no que é já considerado como uma «fatalidade natural». O problema aparentemente atinge todos os tipos de aeronaves, desde os recentes Su-30 aos mais antigos MiG-21 modernizados e até uma aeronave de fabricação francesa foi perdida[1] neste último ano.

No entanto aparentemente as autoridades militares acreditam neste momento, que os problemas com a frota de MiG-27 nada têm que ver com deficiências humanas mas sim com a qualidade e manutenção dos motores R-29 que equipam os aviões indianos. Aqueles motores, juntamente com a aeronave no seu conjunto foram submetidos a um programa de modernização de meia-vida, da responsabilidade da empresa indiana HAL (Hindustan Aeronautics Ltd.).

A qualidade das manutenções e modernizações da HAL, que também é responsável pelo desenvolvimento da aeronave experimental «TEJAS» tem sido posta em causa continuadas vezes. As acusações que têm passado para a imprensa incluem má preparação dos técnicos e praticamente inexistente de qualidade, o que leva a que sejam entregues à força aérea produtos claramente defeituosos e sem um nível mínimo de qualidade.

A indústria indiana tem estado debaixo de fogo e têm-se defendido apresentando como razão de muitos acidentes, não a qualidade do serviço prestado, mas sim a qualidade do produto original russo. A defender este último argumento estão os recorrentes problemas com os caças de origem russa, de entre os quais se destaca o recente Su-30, de que já se perderam duas unidades. Naquele caso a aeronave tinha chegado da Rússia, onde os problemas com o controlo de qualidade também têm dado constantes dores de cabeça aos generais.
Mas mesmo nesse último caso a industria indiana não fica isenta de possíveis culpas, pois o caça Su-30 também tem componentes fabricados na Índia e a compra do avião implicou a transferência da tecnologia destinada a sua fabricação local.

A transferência tecnológica nem sempre funciona e embora seja apontada como uma forma de aumentar as possibilidades de venda apresenta problemas, quando a industria local não está em condições de absorver todos os ensinamentos e de incorporar todas as novas tecnologias no seu processo produtivo.

A solução no caso da Índia poderá ter passado por programas de emergência para a fabricação de peças e componentes que muitas vezes são produzidos por empresas que não tem experiência na indústria aeronáutica. A sub-contratação desses serviços é comum na industria, mas implica a certificação e o cumprimento de exigentes regras de segurança e qualidade, a que as industria indianas ligadas ao processo podem não ter ligado a devida importância.

[1] – Ainda que os números variam consoante as fontes, as aeronaves de origem russa representam 75% da frota e 95% dos acidentes.

Fonte: Area Militar