EUA consideram 'estranho' corte de relações da Coreia do Norte com Seul
Medida foi tomada por Pyongyang em represália a acusações sobre afundamento de navio

A decisão da Coreia do Norte de cortar relações com a Coreia do Sul anunciada nesta terça-feira, 25, é "estranha" e não representa o melhor para o interesse do povo norte-coreano a longo prazo, disse o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, P. J. Crowley.

"A Coreia do Sul tem uma das economias mais dinâmicas do mundo. A economia debilitada da Coreia do Norte não vai suportar sozinha. A Coreia do Norte não consegue manter seus cidadãos sozinha", disse o porta-voz. "Não consigo imaginar uma atitude que prejudique mais os norte-coreanos do que cortar os laços com o Sul", completou Crowley.

Nesta terça, Pyongyang anunciou o rompimento total de relações com Seul em represália às acusações de que os militares norte-coreanos teriam afundado um navio da Marinha sul-coreana, episódio que deixou 46 marinheiros mortos. O anúncio foi feito pela KCNA, agência estatal de notícias da Coreia do Norte.

"O Comitê pela Reunificação Pacífica da Coreia declara que a partir de agora serão feitos esforços para congelar as relações intercoreanas, abdicar o acordo de não agressão entre o norte e o sul e interromper completamente a cooperação", diz o comunicado da KCNA, completando que todas as relações com Seul, assim como as comunicações, seriam cortadas.

Pyongyang também decidiu expulsar os expulsar os sul-coreanos que trabalham no parque industrial de Kaesong, mantido em conjunto pelo sul e pelo norte. Não ficou claro, porém, qual o verdadeiro impacto que a medida teria nas fábricas que operam no local. A maioria das empresas são sul-coreanas, que aproveitam para usar mão-de-obra barata da Coreia do Norte.

Segundo a perícia internacional realizada na Coreia do Sul, o naufrágio do navio Cheonan foi causado por um torpedo disparado pelos norte-coreanos. Pyongyang, porém, nega qualquer envolvimento.

O episódio do navio elevou a tensão entre as duas Coreias, tecnicamente em guerra desde 1950, quando começou a Guerra da Coreia. O conflito, que terminou em 1953, nunca foi formalmente encerrado, e os dois lados permanecem apenas em trégua, embora haja atritos frequentemente.

Outra questão que gera impasse é o programa nuclear norte-coreano, considerado uma ameaça pelo sul. Pyongyang se recusa a retornar à mesa de negociações para abandonar os projetos atômicos e diz que só o fará se a Guerra da Coreia for encerrada formalmente.

Fonte: Estadão