A Rússia confirmou nesta sexta-feira sua presença militar no Cáucaso ao prorrogar até 2044 a permanência de sua base na Armênia e se comprometeu a garantir a segurança de todo o território deste país.

"A parte russa assumiu o compromisso de garantir conjuntamente a segurança militar da República da Armênia e, portanto, de abastecer nossas Forças Armadas com armamentos modernos", assegurou o presidente armênio, Serj Sargsyan, em entrevista coletiva após a assinatura do acordo.

O documento foi assinado pelos ministros de Defesa dos dois países na presença de Sargsyan e do presidente russo, Dmitri Medvedev, que iniciou ontem uma visita oficial a este país do Cáucaso.

Segundo o acordo anterior assinado em 1995, as tropas russas podiam permanecer em território armênio até 2020, mas ambas as partes estavam interessadas em prolongar a permanência da base de Gyumri durante outros 24 anos.

Sargsyan explicou que o acordo anterior "limitava o funcionamento da base às fronteiras exteriores da antiga União Soviética" e que agora "esta restrição foi retirada do texto".

Em seguida, o líder russo confirmou que o protocolo "não só prorroga o prazo de permanência da base russa na Armênia, mas amplia o âmbito de sua responsabilidade geográfica e estratégica".

"A missão da Rússia como o Estado mais poderoso da região consiste em manter a paz e a legalidade. A Rússia leva muito a sério suas obrigações de aliado", assinalou Medvedev, que qualificou de "estratégicas" as relações com Yerevan.

A Armênia é membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), aliança militar pós-soviética liderada por Moscou, análoga à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para os países ocidentais. A OTSC deve agir em caso de agressão exterior contra alguns dos países que a integram.

Principal aliado do Kremlin no Cáucaso, a Armênia é vizinha do Irã, Turquia, Geórgia e Azerbaijão - com o qual mantém, desde 1988, um conflito pelo enclave de Nagorno-Karabakh.

Segundo os analistas, com o acordo a Rússia reforça sua posição militar na fronteira oriental da Otan, que ainda não descartou ter a Geórgia como membro. Este país rompeu relações diplomáticas com Moscou em 2008 após a guerra na região separatista da Ossétia do Sul.

Atualmente, a fronteira da Armênia com a Turquia (350 quilômetros) e com o Irã (46 quilômetros) é vigiada por guardas fronteiriços russos.

O ministro de Defesa russo, Anatoly Serdyukov, indicou que a Rússia não paga aluguel pelo uso da base, que está na parte ocidental da Armênia, a poucos quilômetros da fronteira com a Turquia.

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Gyumri abriga 3,5 mil soldados do Exército russo, três baterias de mísseis antiaéreos S-300, caças Mig-29, além de carros de combate e peças de artilharia.

A Rússia se viu obrigada em 2005 a transferir à Armênia armas e equipamentos militares após o fechamento de suas duas bases militares em território georgiano (Batumi e Ajalkalaki).

O Azerbaijão, segundo a imprensa local, poderia em breve dar sinal verde para que a Turquia instale uma base militar em seu território e responder assim à decisão da Armênia.

Recentemente, a Rússia também prorrogou a permanência da base da frota russa do Mar Negro no porto ucraniano de Sebastopol (a península da Crimeia), neste caso até 2042. Por esta base, sim, Moscou deverá pagar aluguel.

Além disso, conta com bases militares nas regiões separatistas georgianas de Abkházia e Ossétia do Sul, o que a Otan considera inaceitável.

Medvedev assegurou em várias ocasiões que regiões do espaço pós-soviético como o Cáucaso são zonas de influência especiais onde a Rússia não aceita ingerências externas.

Rússia e Armênia também assinaram hoje outro acordo para o fornecimento de armas à Armênia, cujas autoridades estão inquietas pelo aumento do orçamento militar do vizinho Azerbaijão.

Na declaração conjunta assinada após o diálogo entre ambos os líderes, Rússia e Armênia defenderam uma "solução imediata" do conflito de Nagorno-Karabakh "por meios exclusivamente pacíficos".

Medvedev se mostrou disposto a fazer a mediação entre armênios e azerbaijanos e deixou entrever a possibilidade de atrair novos mediadores, além dos países que integram o Grupo de Minsk da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) - integrado por EUA, Rússia e França -, caso as atuais negociações não tenham efeito.

Fonte: EPA