Sinal dos tempos: hoje em dia até dinossauro tem "naming rights" --termo que se usa quando uma empresa coloca o seu nome em um estádio de futebol ou em uma sala de cinema, por exemplo.

O caso de merchandising paleontológico mais recente é o de um titanossauro argentino herbívoro e quadrúpede com 85 milhões de anos de idade, 22 metros e até 35 toneladas que ganhou o nome da Petrobras, descoberto por pesquisadores de lá.

Casos parecidos aconteceram recentemente com outras empresas do ramo da Petrobras. O dino Futalognkosaurus dukei, de 2007, por exemplo, tem esse nome por causa da Duke Energy. O Panamericansaurus, do ano passado, refere-se à Pan American Energy.

A homenagem dos hermanos não é, claro, só um gesto de camaradagem latino-americana: a Petrobras, que hoje tem vários poços pelo país, dá suporte logístico (como alojamento e alimentação) a paleontólogos do país que tentam encontrar fósseis perto das perfurações.

O paleontólogo José Ignácio Canudo trabalha na escavação dos ossos do dinossauro, em 2007

Segundo Leonardo Filippi, paleontólogo do Museo Municipal Argentino Urquiza e autor do artigo científico, não é bem, então, que a Petrobras tenha "comprado" o nome do bicho. Nas palavras dele, é um "reconhecimento da colaboração constante" da empresa brasileira.

Involuntariamente, os argentinos acabaram revivendo a crítica de que a Petrobras, supostamente gigante e lenta, seria um dinossauro.

Ao menos não deram ao bicho o famigerado apelido de "Petrossauro", mas sim o nome de Petrobrasaurus puestohernandezi --o segundo nome por causa de Puesto Hernández, na Patagônia, local onde o animal foi achado.