Qual país teve um "boom" de produção científica entre 1996 e 2008, saltando de 736 artigos publicados para 13.238? A resposta - o Irã - pode surpreender muitas pessoas, especialmente nos países ocidentais acostumados a liderar a maioria das pesquisas científicas. O Irã, no entanto, tem a maior taxa de crescimento na publicação de artigos científicos no mundo.

E se as relações políticas entre o Irã e os EUA estão tensas, parece que os cientistas dos dois países estão se relacionando sem problemas: o número de trabalhos colaborativos entre eles aumentou quase cinco vezes (de 388 para 1831) no período estudado.

A rápida ascensão do Oriente Médio, da China, da Índia e do Brasil no campo da ciência se destaca em um relatório publicado nesta semana pela Royal Society do Reino Unido, comparando a publicação global e as taxas de citações entre 1993 e 2003 com as taxas de citação entre 2004 e 2008.

Como o Irã, outros países menores também estão aumentando a sua atividade de pesquisa científica. A Turquia, por exemplo, quadruplicou a sua produção entre 1996 e 2008, após aumentar em seis vezes o financiamento público para a área das pesquisas. Tendências semelhantes surgiram na Tunísia, Catar e Cingapura.

No campo mais amplo ca ciência, os líderes estabelecidos, como Estados Unidos, Europa e Japão, continuam a dominar. Mas sua ascensão está sendo corroída pela rápida industrialização dos países em desenvolvimento. Assim, enquanto a proporção de artigos com autores dos EUA passou de 26% para 21%, a China passou de sexto para segundo lugar com 10,2% de autoria dos trabalhos, acima dos 4,4% em 1996. Brasil e Índia estão subindo rapidamente também.

"As principais nações não estão ficando mais fracas", explicou Chris Llewellyn Smith, presidente do grupo que produziu o estudo. "Pelo contrário, eu diria que nós estamos vendo um crescimento em outras nações que fortalece todo o conjunto", afirmou.

Marcando o crescimento da ciência como uma tendência para resolver os problemas globais, Llewellyn Smith explica que trabalhos colaborativos subiram de 25% para mais de 35% de todos os artigos publicados. "Para resolver um problema global, você precisa de dados de todo o mundo, e isso ajuda a unificar a voz científica geograficamente", diz ele.