O Brasil tem a maior reserva de água potável do planeta, algumas das maiores jazidas minerais, vizinha com 10 países e convive com 12 mil quilômetros de fronteiras imersas na floresta amazônica, a maior do mundo.

Tudo isso, junto, explica a necessidade de elaborar um plano de proteção territorial denso, dosado e estratégico, ressalta o ministro da Defesa, o gaúcho Nelson Jobim, que abriu hoje em Porto Alegre a etapa gaúcha do seminário "Livro Branco da Defesa Nacional". É uma obra que vai nortear, sem cifras ocultas (por isso o termo, livro branco), os planos do setor para as próximas décadas.

— Esse Livro Branco, existente em todas as democracias modernas, vai ampliar o conhecimento dos militares sobre si mesmos e dos civis sobre o mundo da caserna[habitação de soldados]. Temos de catalisar os pensadores da academia e os fardados na construção do Brasil do futuro e dos riscos que ele enfrenta — salienta o ministro.

Esta etapa gaúcha do seminário discute "O Ambiente Estratégico do Século XXI". E qual é esse ambiente, em termos de Brasil? O mais favorável possível, concordam os nove palestrantes do encontro. Jobim ressalta que o momento é de retomada da indústria nacional de defesa.

Santa Maria acaba de ter confirmada a instalação, para breve, de uma montadora de carros de combate de última geração, que vai fabricar os tanques Leopard A1 (tecnologia belgo-alemã).

Em São José dos Campos (SP), a Embraer deve começar a produzir jatos de transporte KC-390, de fabricação nacional, que irão substituir os ultrapassados caviões cargueiros Hércules C-130. A ideia é vender 22 unidades para a FAB e, depois, exportar. E em Itajubá (Minas Gerais) a Helibrás começará a produzir 50 helicópteros EC 725, de tecnologia francesa.

— Em termos de orçamentos das Forças Armadas, temos convivido com cortes. Mas isso não nos abala. O Livro Branco trata de planos para 25 anos, não para um momento passageiro — conclui Jobim.

Fonte: ZERO HORA