A FIFA não descartou a hipótese de aplicar sanções à Itália, caso o país boicote a Copa de 2014, que será realizada no Brasil.

"Se isso ocorrer, para eventuais sanções, será o Comitê Executivo da FIFA que deverá tomar uma decisão em última instância", disse à ANSA o porta-voz da entidade, Pekka Odriozola.

Odriozola recordou que, no passado, alguns países não participaram de competições da FIFA por motivos financeiros. Mas, segundo ele, nunca houve uma renúncia voluntária ou por questões políticas.

Hoje, algumas autoridades políticas italianas, como o ministro da Simplificação Normativa, Roberto Calderoli, cogitaram não participar do Mundial como forma de repudiar a decisão brasileira de negar a extradição do ex-militante Cesare Battisti.

"Boicotemos o Mundial de futebol de 2014. É um sinal que enviamos ao Brasil para a questão de Battisti, e
também é um modo para tentar restituir a moralidade a todo o movimento futebolístico italiano", afirmou Calderoli.

Ele expressou que a decisão tomada ontem pelos ministros do STF "é uma decisão que ofende", e a qual classifica como "injusta e absurda". "Um modo para fazer entender nossa indignação pode ser o de boicotar o Mundial de futebol", explicou.

Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos cometidos na década de 1970, quando era militante do grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC).

Preso no Brasil em 2007, o italiano recebeu o status de refugiado político. Ontem, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 6 votos a 3, validar a determinação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar o italiano.

O filho de uma das vítimas de Battisti também disse ser favorável ao boicote à Copa de 2014. Bruno Berardi, filho do marechal Rosário Berari, assassinado em 1978, repudiou a decisão do STF e afirmou que o boicote poderia ser útil.

A versão on-line do jornal italiano Corriere della Sera publicou hoje uma pesquisa com cerca de oito mil internautas. Os dados apontam que 80% dos participantes da enquete são favoráveis ao boicote.

Fonte: ANSA/UOL