O programa chinês de satélites, que está em rápida expansão, poderia alterar a dinâmica do poder no leste da Ásia e reduzir a capacidade norte-americana de operar na região, de acordo com novas pesquisas.

Os satélites chineses de reconhecimento agora têm a capacidade de monitorar um alvo por até seis horas ao dia, de acordo com um novo relatório do World Security Institute, organização de pesquisa sediada em Washington.


A China espera pisar pela primeira vez a Lua em 2025, assim como enviar sondas de prospecção a Marte em 2013 e a Vênus em 2015 e fretar seu primeiro módulo espacial sem tripulação, o "Tiangong-1", em 2014 segundo o "Global Times".

As forças armadas chinesas, que até 18 meses atrás só eram capazes de manter cobertura por satélite durante três horas diárias, agora atingiram capacidade quase equivalente à norte-americana em termos de monitoração de alvos fixos, de acordo com o estudo.

"Partindo de uma capacidade de vigilância contínua próxima do zero 10 anos atrás, hoje os chineses provavelmente se equipararam à capacidade dos Estados Unidos para observar alvos do espaço, em algumas operações em tempo real", afirmaram dois dos pesquisadores especializados em assuntos chineses do instituto, Eric Hagt e Matthew Durnin, em artigo para o "Journal of Strategic Studies".

O poderio militar chinês rapidamente crescente enervou os vizinhos, muitos dos quais aliados dos Estados Unidos, enquanto disputas surgidas este ano com o Vietnã e as Filipinas agravaram as preocupações.

O reforço das forças armadas chinesas ganhou ímpeto nos últimos anos, e o país desenvolveu um míssil antinavios, testou um caça de baixo reconhecimento por radar e está a ponto de lançar seu primeiro porta-aviões. A rede rapidamente crescente de satélites de reconhecimento oferece à China a capacidade requerida para o emprego mais eficiente desse equipamento.

O almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior Conjunto das forças armadas norte-americanas, disse neste final de semana em Pequim que era evidente que os chineses tinham por foco a "negação de acesso" -termo que descreve uma estratégia de forçar os Estados Unidos a abandonar operações no oeste do Pacífico.

"Os Estados Unidos não abandonarão a região", disse o almirante Mullen. "Nossa presença duradoura na região vem sendo importante para os nossos aliados há décadas, e continuará a sê-lo". A China advertiu os Estados Unidos no mês passado para que não se envolvessem em sua disputa com o Vietnã quanto ao Mar do Sul da China.

"A prioridade estratégica chinesa é manter os Estados Unidos fora de seu quintal", disse Durnin ao "Financial Times", acrescentando que a tecnologia de satélites necessária para esse fim já está em operação.

Quando a China testou mísseis perto de Taiwan, em 1996, os Estados Unidos enviaram dois porta-aviões às águas vizinhas. A incapacidade das forças armadas chinesas de localizar os navios se tornou fonte de grande embaraço e ajudou a estimular o programa de satélites chinês.

"Os Estados Unidos sempre sentiram que, se surgisse uma crise em Taiwan, poderíamos enviar forças navais àquelas águas antes que a China fosse capaz de reagir e antes mesmo que soubesse de nossa presença. Os desdobramentos recentes puseram fim a essa situação", disse Joan Johnson-Freese, professora do Colégio de Guerra Naval dos Estados Unidos, em Rhode Island.

Fonte: Jornal de Floripa