Forças rebeldes avançavam nesta quinta-feira rumo à cidade natal de Muamar Khadafi, Sirte, após assumir o controle da maior parte da capital da Líbia, Trípoli.

Houve combates violentos na estrada a caminho da cidade - no Leste da Líbia - com barragens de artilharia e ataques com foguetes. Testemunhas afirmam que havia reforços rebeldes se encaminhando de Trípoli para Sirte.

Forças leais a Khadafi resistiam à ofensiva, bloqueando o avanço rebelde na cidade de Bin Jawad. Combatentes pró-Khadafi ainda controlam Sirte, a cerca de 450 quilômetros ao leste de Trípoli, e Sabha, a 650 quilômetros ao sul, no deserto.

"As forças de Khadafi ainda lutam, estamos surpresos. Achamos que eles se renderiam com a queda de Trípoli", disse o comandante rebelde Fawzi Bukatif, à agência de notícias AFP.

Os rebeldes entraram há quatro dias em Trípoli e tomaram o quartel-general de Khadafi, Bab al-Aziziya, na terça-feira.

Embora os combates mais intensos pareçam ter chegado ao fim, comandantes rebeldes afirmam que ainda há bolsões de resistência na capital, com franco-atiradores leais a Khadafi em alguns pontos da cidade, e ataques com morteiros.

Na quarta-feira, a coalizão de grupos rebeldes, o Conselho Nacional de Transição (CNT), anunciou uma anistia para membros do "círculo íntimo" de Khadafi que o capturem ou matem.

Um empresário líbio ofereceu US$ 1,7 milhão (cerca de R$ 2,7 milhões) pela captura de Khadafi "vivo ou morto", segundo os rebeldes. Mustafa Abdul Jalil, presidente do CNT, disse na quarta-feira que a iniciativa conta com o apoio dos rebeldes.

Khadafi enfrenta também um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional, por acusações de crimes contra a humanidade.

Sem pistas

A liderança rebelde também ofereceu a Khadafi a opção de deixar o país em segurança, se renunciar ao poder.

O líder fugitivo prometeu, entretanto, em discurso transmitido na terça-feira, "vencer ou morrer".

Comandantes das forças rebeldes afirmaram que é importante capturar ou matar Khadafi para eliminar qualquer possibilidade de que o líder ou seus partidários possam organizar um contra-ataque.

Os rebeldes insistem que é apenas uma questão de tempo até que o líder líbio seja encontrado, mas admitem que não têm pistas de seu paradeiro.

Um rebelde que se identificou como Adbul Rahman disse à agência de notícias Reuters que eles acreditam que Khadafi ainda esteja em Trípoli, possivelmente no sul da cidade, onde ainda estão ocorrendo combates. Khadafi também teria muito apoio nas cidades de Sirte e Sabha.

Sabha tem uma base da Força Aérea e também presença militar e, se Khadafi e a família conseguirem chegar à cidade, poderiam ter a opção de uma fuga fácil pelo deserto, para o Níger ou Chade.

Representantes do Conselho de Nacional de Transição também estão preparando uma reunião no Catar com enviados dos Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Turquia e Emirados Árabes Unidos para discutir o futuro da Líbia depois de Khadafi.

A coalizão rebelde afirmou que precisa de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 4 bilhões) em ajuda humanitária urgente. Segundo o grupo, a prioridade absoluta é cobrir custos de ajuda humanitária e pagar salários. Jornalistas que cobrem o conflito afirmam, entretanto, que a longo prazo o país precisará de mais dinheiro para reconstruir sua infraestrutura petrolífera.

O levante contra o regime de Khadafi na Líbia começou em fevereiro. As forças insurgentes começaram sua campanha pelo leste e em bolsões do oeste do país, antes de iniciar sua ofensiva contra a capital.

Bombardeios da Otan contra forças de Khadafi ajudaram a campanha rebelde. A Otan age cumprindo mandato da ONU para proteger a população civil.

Fonte: BBC