O repórter da BBC Wyre Davies visitou uma fábrica de alimentos enlatados nos arredores de Trípoli, na Líbia, e descobriu que ela estava sendo usada também como um depósito de armas. A maior parte do armamento é de origem russa, mas o jornalista também encontrou centenas de pistolas brasileiras.

Para os rebeldes, esse é um exemplo do tipo de tática de Muammar Kaddafi. O coronel usava locais civis para abrigar armas e artilharia pesada, o que dificultava o trabalho da aliança militar Otan, que tinha como missão bombardear os estoques do antigo regime.

O temor do novo governo agora é que pessoas em diversas partes do país encontrem por acaso depósitos como este. Nesta fábrica, a maior parte das armas já foi saqueada, e sobraram poucas peças. Os insurgentes estão fazendo um apelo para que aqueles que se apropriaram de armamentos devolvam tudo que foi encontrado.

Rebeldes líbios cercam cidade natal de Kaddafi

Forças rebeldes líbias avançam nesta quarta-feira em direção a Sirte, cidade natal do líder líbio foragido, Muammar Kaddafi.

Um repórter da BBC que se encontra nas proximidades diz que os rebeldes abriram uma terceira frente ao sul de Sirte, com a finalidade de estabelecer um cerco à cidade. Tiros estão sendo disparados de dentro da cidade.

Sirte é um dos últimos redutos do país que continua nas mãos do regime de Kaddafi. Os líderes rebeldes do Conselho Nacional de Transição (CNT) deram um ultimato às forças leais ao coronel, ameaçando com uma ofensiva militar se não houver rendição até sábado.

Entretanto, um porta-voz de Kaddafi disse que não aceita nenhum ultimato do que descreveu como "cães armados".

Boa parte da família do líder líbio está refugiada na Argélia desde segunda-feira, incluindo sua mulher e três de seus filhos.

O paradeiro de Kaddafi permanece desconhecido. Há boatos de que ele estaria em Sirte, em Bani Walid ou em Sabha, ambas a sudoeste de Trípoli.

Segundo o vice-líder do CNT, Ali Tarhouni, os rebeldes desconfiam de onde Kaddafi esteja e estão confiantes de que vão capturá-lo.
Presença internacional

Na terça-feira, a liderança interina rebelde rejeitou qualquer participação militar internacional no país, incluindo a presença de observadores desarmados.

"Está claro que os líbios querem evitar qualquer tipo de presença militar da ONU ou de outras organizações", disse o enviado especial da ONU à Líbia, Ian Martin.

O enviado especial da ONU à Líbia afirmou, no entanto, esperar que os rebeldes peçam ajuda para a criação de uma força policial e para a organização de eleições, que estariam previstas para acontecer 240 dias depois que for declarada a libertação do país.


"É preciso lembrar que não há nenhuma memória de eleições, não há um maquinário eleitoral, não há comissão eleitoral, nenhuma história de partidos políticos, não há sociedade civil independente, e a mídia independente só começou a surgir muito recentemente", disse Martin.

"Será um grande desafio organizacional e está claro que o CNT quer que a ONU tenha um papel importante no processo."
E a Anistia Internacional disse temer que combatentes leais a Kaddafi presos pelos rebeldes sofram maus tratos.

A Anisita disse que até mesmo pessoas que estavam internadas em hospitais foram tiradas de seus leitos e presas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse que a crescente demanda por suprimentos na Líbia exige a liberação urgente de financiamentos para a liderança interina.

Apesar de estoques de suprimentos médicos e alimentos escondidos pelo governo terem sido encontrados no fim de semana, ainda há falta de água no país.

"Estima-se que 60% da população de Trípoli esteja sem água e saneamento", disse Ban Ki-Moon.

Fonte: BBC/UOL




Nota1: E dai se o Brasil vendeu armas a Libia... Será que o Kadafi não comprou nada da Inglaterra?