Radares americanos podem ter provocado a falha da estação interplanetária russa Fobos-Grunt que ficou em órbita terrestre ao invés de seguir para Marte, disse nesta quinta-feira o tenente-general Nikolai Rodionov, ex-comandante-em-chefe do sistema de prevenção de ataques de mísseis da Rússia.

"A trajetória do Fobos-Grunt passou pela zona de cobertura de poderosos radares americanos no Alasca. Temo que a potente radiação eletromagnética dessas estações tenha afetado os equipamentos de controle da sonda interplanetária", avaliou Rodionov, citado pela agência Interfax.

Ele ressaltou que a Rússia deveria se preocupar com a presença de radares americanos na Noruega e no Alasca. Rodionov sugeriu ainda as autoridades de seu país a usarem menos componentes eletrônicos estrangeiros na fabricação de mísseis e equipamentos espaciais russos. "A qualquer momento (os fabricantes estrangeiros) poderiam enviar alguns sinais, ativar chips para deixar fora de serviço um míssil ou uma nave espacial", explicou.

Na quarta-feira à noite, especialistas da Agência Espacial Europeia (ESA) conseguiram pela primeira vez receber dados de telemetria a partir da estação interplanetária russa, que até então não tinha emitido sinal desde o lançamento. A Fobos-Grunt devia cumprir uma missão de 34 meses, incluindo o voo da Fobos, a descida em sua superfície e, finalmente, o retorno à Terra de uma cápsula com mostras do solo do satélite marciano.

Com custo de US$ 170 milhões, o projeto tinha como objetivo estudar a matéria inicial do sistema solar e ajudar a explicar a origem de Fobos e Deimos, a segunda lua marciana, assim como dos demais satélites naturais no sistema solar. Roscosmos, a agência espacial russa, declarou que tem até o fim de novembro para tentar reativar a Fobos-Grunt e colocá-la rumo ao seu destino: Fobos, uma das duas luas de Marte.

Fonte: Terra