A Força Aérea dos Estados Unidos informou nesta quarta-feira (29) que pretende agir rapidamente para refazer a licitação por aviões e garantir que o orçamento para compra não expire no final de 2013.

Ontem, a Força Aérea norte-americana informou ter cancelado um contrato de US$ 355 milhões (cerca de R$ 604 milhões) para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, da fabricante brasileira Embraer (EMBR3), citando problemas com a documentação.

O Chefe do Estado Maior Norton Schwartz afirmou que a Força Aérea decidiu cancelar o contrato de produção dos aviões vencido pela brasileira Embraer após avaliar que a documentação estava abaixo do padrão para a decisão, enquanto se preparava para o processo judicial movido pela concorrente Hawker Beechcraft.

Ele afirmou que a investigação está progredindo e que "alguém terá que pagar pelo que aconteceu" caso seja provado que a questão envolve uma tentativa de direcionar o contrato para a empresa privada Sierra Nevada Corp, principal contratante dos aviões da Embraer.

Schwartz admitiu ainda que o assunto causa embaraço à Força Aérea norte-americana, que enfrentou problemas relacionados a licitações de compra de equipamentos durante a década passada. Se a Força Aérea "atrapalhou" a aquisição, isso seria uma "profunda decepção", afirmou.

O Super Tucano A-29 foi desenvolvido para missões de contra-insurgência e atualmente é usado por cinco forças aéreas, e ainda existem outras encomendas, segundo a Embraer.

Embraer disse lamentar rompimento de contrato

"A Embraer lamenta o anúncio de hoje da Força Aérea americana de deixar de lado o contrato firmado, relacionado com o programa de apoio aéreo do Afeganistão", disse a empresa em comunicado.
"Junto à sua parceira americana, Sierra Nevada Corporation, a Embraer participou do processo de seleção entregando no prazo e sem exceções toda a documentação requerida", completou.
A Embraer disse que a "decisão a favor dos Super Tucano (...) foi uma escolha pelo melhor produto com um desempenho provado e todas as capacidades para cumprir com as demandas dos clientes".
A empresa brasileira afirmou que continua comprometida "em oferecer a melhor solução para a Força Aérea americana e espera mais esclarecimentos sobre o tema para decidir futuros passos, em consulta com seu sócio, a SNC".

Entenda o impasse

No fim do ano passado, a Força Aérea dos Estados Unidos definiu que a Sierra Nevada e a Embraer tinham ganhado o contrato para venda de 20 aviões Super Tucano A-29, assim como treinamento e suporte. De acordo com a licitação, as aeronaves da Embraer seriam fornecidas em parceria com a norte-americana Sierra Nevada Corporation (SNC) e seriam utilizadas para treinamento avançado em voo, reconhecimento e operações de apoio aéreo no Afeganistão.

Entretanto, a licitação foi paralisada em janeiro, quando a Hawker Beechcraft entrou na Justiça questionando a decisão.

Na época, a Força Aérea norte-americana disse que a seleção tinha sido justa e transparente.

"A concorrência e a avaliação de seleção foram justas, abertas e transparentes. A Força Aérea está confiante nos méritos de sua decisão de concessão do contrato e espera que o litígio seja rapidamente resolvido", divulgou, na época, em nota John Dorrian, porta-voz da Força Aérea norte-americana.

Presidente da Embraer estava confiante

Em entrevista em meados de janeiro, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar, disse estar confiante de que a suspensão do negócio seria resolvida rapidamente.

De acordo com o executivo, a vitória da Embraer nesta concorrência era "inequívoca" e não existiam dúvidas de que o contrato seria retomado.

"O sistema jurídico americano é absolutamente inquestionável e notoriamente eficiente e rápido nas suas decisões. Nós acreditamos piamente que isso vai ocorrer... a nossa aeronave foi desenhada... para a missão que eles estão necessitando agora. E eles estão necessitando com uma certa urgência.

O executivo disse ainda que existe expectativa de que a empresa abra novos mercados dentro mesmo dos EUA para aviões da mesma categoria.

Expectativa era abrir mercado em outros países

Segundo Aguiar, a venda à força aérea mais poderosa do mundo poderia abrir espaço para negócios com outros países, como os da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

"Quando você vende para o principal mercado do mundo, o cliente mais exigente do planeta, que produz tecnologia e vende para o mundo inteiro, é sempre uma vitrine", disse Aguiar.

"Nossa expectativa é de longo prazo e servir esse contrato e conseguir outros contratos até mesmo nos próprios Estados Unidos", disse Aguiar, afirmando que existem "pelo menos uns três projetos nessa categoria".
Para Aguiar, uma eventual venda dos Super-Tucanos para os países da Otan era um "caminho natural". "A comunalidade é cada vez mais importante nas forças de defesa e operações combinadas, porque você reduz o custo da operação absurdamente", explicou.

Fonte: UOL/Reuters