O antigo sonho dos pioneiros da pesquisa espacial cosmos está prestes a se realizar. Os cientistas da cidade siberiana de Krasnoiarsk estão ultimando os preparativos para a criação de um sistema fechado de manutenção da atividade vital da pessoa humana no espaço. As experiências e o conhecimento advindos deste novo ciclo de estudos poderão formar o embrião de uma futura base russa na Lua.

A Agência Cósmica Russa, Roskosmos, tem divulgado sucessivas informações de que, a partir do ano 2020, voltarão a serem enviadas missões tripuladas ao satélite da Terra. A ideia é criar nestas bases experimentais de Krasnoiarsk as mesmas condições que os tripulantes das naves espaciais encontrarão na Lua para permanências periódicas.

As experiências para a criação de um ciclo biológico fechado foram iniciadas quase que simultaneamente na União Soviética e nos Estados Unidos, logo depois do início da era cósmica, mas eram realizadas sob profundo sigilo.As iniciativas ganhavam estímulos da corrida cósmica que ganhou impulso na década de 60. Já naquela época, os dois países falavam em criar bases permanentes na Lua e em Marte e, para isso, desenvolveram foguetes e naves.

O primeiro e até aqui melhor estudado componente do ciclo biológico que os cosmonautas e astronautas deverão observar na Lua é a clorela, uma alga unicelular que produz, quando exposta à luz, o oxigênio e uma biomassa que cresce rapidamente. A clorela resolve o problema de respiração do cosmonauta, mas não serve como alimento.

Os cientistas dizem que é preciso, também, desenvolver bactérias do solo e certas espécies de vermes que transformam todos os resíduos e a biomassa da clorela em adubo orgânico composto, que sirva como fertilizante para plantas herbáceas, legumes e frutas. Na Rússia, estas experiências são realizadas no complexo BIOS, localizado justamente em Krasnoiarsk. Agora os seus pesquisadores estão à beira de um salto qualitativo, conforme revelou à Rádio Voz da Rússia de Moscou o pesquisador do Instituto Siberiano de Biofísica Andrei Deguermenji.

O pesquisador observou: “Chegamos a um ponto nas pesquisas em que se pode esperar para, dentro de um a dois anos a obtenção de 100% do nível do ciclo biológico completo. A geração anterior de cientistas chegou ao nível de 60% a 70%. O ciclo fechado é indispensável para as bases de habitação estacionárias na Lua ou no Marte. Em ambos, existe água e alguns recursos dos seus subsolos podem ser extraídos.”

O projeto análogo nos Estados Unidos, chamado Biosfera-2, era realizado numa área de um hectare e meio em que se encontravam estufas com pequenos animais, aves, répteis, lagos e um deserto. As experiências de que participavam oito pessoas aconteceram até o ano de 1996. O projeto russo é mais compacto e, além disso, difere substancialmente, prossegue o pesquisado rrusso Andrei Deguermenji.

“A Biosfera-2americana era comandada de fora e as pessoas que se encontravam nela eram inertes, como crianças sob o cuidado dos seus pais. Isto contraria os nossos conceitos, de acordo com os quais o sistema deve ser totalmente autônomo, tanto no que diz respeito ao comando, como à circulação interna.”

De acordo com o pesquisador Andrei Deguermenji, a experiência de Krasnoiarsk despertou diversos interesses externos. A China propôs à Rússia comprar toda a infraestrutura do projeto, inclusive os laboratórios já montados. A ESA, Agência Cósmica Europeia, já transferiu os recursos necessários para promover experiências que mostrem a mudança do estado dos microrganismos em condições de isolamento.

Na Estação Espacial Internacional, os tripulantes disseram estar ansiosos para conhecer os resultados das experiências pioneiras de Krasnoiarsk.

Fonte: Diário da Rússia - Via Plano Brasil