O cancelamento da compra de aeronaves Super Tucano da Embraer, anunciado ontem, acontece a uma semana da visita de um alto executivo da americana Boeing, no esforço de vender seu caça F-18 Super Hornet à Força Aérea Brasileira. A Boeing está disposta a melhorar a oferta de transferência de tecnologia, incluindo propostas de desenvolvimento conjunto de produtos aeronáuticos, caso seja escolhida como a fornecedora dos novos caças à FAB. Uma das possibilidades diz respeito a parcerias no desenvolvimento final e produção do cargueiro reabastecedor KC-390, da Embraer, empresa apontada pelos norte-americanos como uma possível parceira em futuros projetos de desenvolvimento de tecnologia. Na próxima segunda-feira chega a Brasília o presidente da Boeing Military Aircraft, Cristopher Chadwick, que comanda o braço da empresa para o setor de Defesa.

Segundo informou a Boeing ao governo brasileiro, além do encontro já marcado com a cúpula da Força Aérea, Chadwick pediu audiências aos ministros do Desenvolvimento e da Defesa, para defender que a proposta de desenvolvimento tecnológico da empresa americana, vinculada à venda do caça F-18 Super Hornet, é superior à oferecida pela Dassault, fabricante do francês Rafale, que era o favorito no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Os governos de EUA e Brasil e as empresas envolvidas asseguram que não há vinculação entre a licitações para as Forças Aéreas brasileira e americana. A interferência política que provocou reviravolta no negócio que já estava praticamente firmado pela Embraer cria constrangimento a menos de duas semanas da visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, quando o tema da venda dos caças à FAB estaria na agenda com o presidente Barack Obama.

Fonte: T&D