Em “A Guerra Antes da Civilização”, Lawrence H. Keeley, professor de antropologia da Universidade de Ilinois, nos EUA, contesta a visão pacifista do passado ao narrar guerras ocorridas na pré-história. Segundo o autor, esses conflitos não eram raros nem inofensivos.

A teoria do bom selvagem tem sua origem no Iluminismo. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), grosso modo, imaginava que o homem era bom por natureza. Embates sangrentos e opressão eram frutos da civilização.

Em oposição ao filósofo francês, o britânico Thomas Hobbes (1588-1679) defendia que, antes da sociedade, os homens viviam em eterno combate. Para ele, a civilização controlaria parte dessa selvageria. “O homem é o lobo do homem” se tornou o resumo dos fundamentos postulados em “Leviatã” .

Porém, o autor norte-americano afirma que nenhum deles está correto. O que se desenvolveu foi a técnica de matar. Guerras sempre existiram. “Não é, portanto, de se surpreender que as primeiras histórias documentadas, os primeiros relatos escritos, sejam de teor militar”, conta.

A pesquisa para a produção do livro inicia com a investigação de uma fortificação datada do período neolítico que foi encontrada recentemente a nordeste da Bélgica. Em escavações, o arqueólogo Daniel Cahen descobriu um fosso com quase três metros de profundidade apoiado por uma paliçada. Desastres naturais e animais selvagens não são evitados pelo artifício. A construção era destinada a impedir investidas bélicas de outros grupos humanos.

Parte da coleção “Abertura Cultural”, publicada pela editora É, o volume também aborda questões morais e filosóficas decorrentes desse trabalho antropológico. Para interessados em história militar, a edição vale cada centavo.

Fonte: Livraria Folha - Via Plano Brasil