A nova base espacial no Extremo Oriente deverá ser construída até 2015. Na semana passada, o vice-primeiro-ministro Dmitri Rogozin prometeu que este prazo será cumprido. Os lançamentos tripulados a partir da nova base espacial devem começar em 2018. Mas ainda há perguntas em relação ao projeto de futuro cosmódromo.

Base espacial no meio da taiga: segunda tentativa

A base espacial Vostotchny será inaugurada por um veterano da cosmonáutica russa e mundial: em 2015, a partir do novo cosmódromo deve ser lançada a primeira Soyuz-2, descendente do lendário míssil R-7 de Serguei Koroliov. Por enquanto, o local da futura base é deserto, tal como foi o local do futuro cosmódromo Baikonur em 1954, três anos antes do lançamento do primeiro satélite. É diferente apenas a paisagem: o Baikonur foi construído em estepes, enquanto o Vostotchny será rodeado por taiga. Entretanto, para confundir o serviço de reconhecimento do inimigo potencial, o projeto de Baikonur teve um nome convencional de “Taiga”.

As condições infraestruturais são melhores do que poderiam ser: na proximidade, encontram-se estruturas da 27ª divisão de mísseis, dissolvida nos anos 90, que foram utilizadas na construção do cosmódromo Svobodny. A história desta base espacial não foi bem-sucedida. No período da sua existência, de 1997 a 2006, apenas cinco mísseis ligeiros Start (modificação dos mísseis Topol) foram lançados a partir do Svobodny. No quadro da redução das Forças Armadas em meados dos anos 2000, o cosmódromo foi encerrado devido à sua ineficiência. Mas a ideia de criar uma nova “porta ao espaço” no Extremo Oriente da Rússia não foi enterrada. Já em 2007, no pano de fundo de animação econômica, começou a ser elaborado o projeto de nova base espacial que deve situar-se não longe do cosmódromo encerrado Svobodny, com o apoio logístico na mesma localidade de Uglegorsk, na estação de Ledianaya da linha férrea Transsiberiana e na autoestrada Amur inaugurada em 2010.

Apesar da existência de infraestruturas, os prazos são bastante rígidos, sobretudo levando em conta que o Vostotchny não será destinado para o lançamento de mísseis Start. Para a nova base será necessário construir um aeródromo de primeira categoria, com uma pista de aproximadamente cinco mil metros, capaz de receber aviões superpesados Ruslan que irão transportar blocos de foguetões. Em tempos, a União Soviética precisou de três anos desde o início do traçamento do local ao primeiro lançamento de teste do R-7 para construir o cosmódromo Baikonur.

Busca de causas

O primeiro e o maior cosmódromo no mundo, que após 1991 passou a pertencer ao Cazaquistão, continua a responder pela parte principal do programa espacial russo e um número considerável de lançamentos comerciais. Nos próximos tempos, deverá crescer a quota-parte da base espacial de Plessetsk, na região de Astrakhan, onde está a ser construída uma rampa de lançamento para novos foguetões prometedores Angara. Ao mesmo tempo, o potencial dos dois cosmódromos está longe de ser esgotado: nos tempos soviéticos, a partir do Baikonur e do Plessetsk foram efetuados sumariamente 90-100 lançamentos ao ano.

Hoje, o número de lançamentos dos dois cosmódromos principais pode ser aumentado (no caso da necessidade) em 50 por cento. O polígono em Kapustin Iar, na região de Astrakhan, e os polígonos das Forças de Misseis de Destino Estratégico são áreas de reserva para o lançamento de foguetões ligeiros e de mísseis de conversão. Portanto, o novo cosmódromo no Extremo Oriente não tem por missão “descarregar” as áreas existentes que, pelo contrário, não são “carregadas” plenamente.

Será necessária alternativa ao Bakonur?

Por um lado, sim, porque o preço de aluguel do Bakonur é grande e as relações entre a Rússia e o Cazaquistão se agravam periodicamente por problemas de lançamentos fracassados. Mas, por outro lado, o Baikonur é um centro natural de atração, muito necessário para a integração da Rússia e do Cazaquistão.

Uma diminuição brusca do número de lançamentos no caso na entrada do Vostotchny levará apenas à decadência do Baikonur. Não temos por enquanto razões de esperar que o número de lançamentos aumente, permitindo carregar plenamente tanto o Baikonur, como o novo cosmódromo.

Outra causa para construir uma base espacial no Extremo Oriente é aumentar na região o número de postos de trabalho, sobretudo com elevado investimento científico e bem pagos. O cosmódromo contribuirá inevitavelmente para o desenvolvimento da esfera de serviços e de outros ramos económicos. Ao mesmo tempo, estes objetivos importantes podem ser alcançados também por outros métodos. Entretanto, veremos em breve que argumentos serão mais convincentes em resultado.

Fonte: Voz da Russia