A Marinha do Brasil mantém 13 militares no Arizona, nos Estados Unidos, para monitorar a execução de um contrato de modernização de aeronaves suspenso desde julho de 2012. 

Os servidores brasileiros moram nas cidades americanas de Mesa e Gilbert, recebem salários acima da média paga no Brasil e estão sem função desde a paralisação completa dos serviços.
 
Um capitão de fragata, três capitães de corveta, um capitão-tenente, dois suboficiais e seis sargentos receberam, juntos, pelo menos US$ 1,27 milhão (R$ 2,5 milhões, pela cotação do dólar de sexta-feira) em salários brutos desde a chegada aos Estados Unidos, em fevereiro de 2012. A partir da suspensão dos serviços, os salários pagos ao grupo somam US$ 728,8 mil (R$ 1,4 milhão). Uma portaria do comando da Marinha prevê que os militares só retornem ao Brasil em 5 de março de 2014.

Os pagamentos de salários a militares sem função nos Estados Unidos ampliam o risco de prejuízo aos cofres públicos em razão do contrato assinado entre a Marinha e a Marsh Aviation Company, empresa localizada no Arizona.

A Diretoria de Aeronáutica dispensou a realização de licitação e contratou a Marsh em outubro de 2011, ao custo de US$ 69,1 milhões - ou R$ 121,7 milhões, pela cotação do dólar no momento da assinatura do contrato. Cabe à empresa norte-americana modernizar e remotorizar quatro aeronaves C-1A Trader, transformando-as em KC-2 Turbo Trader, que pousam em porta-aviões.

Cinco meses depois da assinatura do contrato, a Marinha fez o primeiro pagamento à Marsh, de US$ 7,2 milhões (R$ 12,3 milhões). A empresa já era investigada pelo FBI e, em julho de 2012, foi impedida pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos de fornecer serviços de defesa. 

A Marsh foi acusada de violar a lei norte-americana de controle da exportação de armas, ao fornecer equipamentos de aviões militares à Força Aérea da Venezuela, entre 2005 e 2008. O Departamento de Justiça dos EUA incluiu a investigação na lista dos principais casos de espionagem e negócios secretos descobertos pelo governo.

Mesmo com as investigações em curso, a Marinha fez novos empenhos - promessas de pagamento - à Marsh de US$ 8,1 milhões (R$ 14 milhões). Diante da notificação à empresa pelo Departamento de Estado, os empenhos foram cancelados em novembro. "Este fato acarretou na perda momentânea das condições jurídicas necessárias para que a empresa continuasse a fornecer os serviços contratados", diz a Marinha, em resposta a O GLOBO.

A modernização das aeronaves não é a única previsão feita em contrato. Cabe à Marsh treinar 12 aviadores e 71 especialistas em manutenção de aeronaves e motores.

Fonte: O Globo - Via: ClippingMP