As forças afegãs assumiram nesta terça-feira (18) oficialmente o controle da segurança do país, que estava nas mãos da Otan desde a queda dos talibãs no fim de 2001, anunciou o presidente afegão Hamid Karzai.
O processo, que começou em julho de 2011, acabou nesta terça-feira com a transferência da Otan aos afegãos dos últimos distritos que ainda eram controlados pela Aliança Atlântica.
A grande maioria dos quase 100 mil soldados da Otan no Afeganistão devem abandonar o país até o fim de 2014.
"A partir de agora nossas corajosas tropas terão a responsabilidade da segurança e realizarão as operações", disse Karzai em um discurso.
Em tese, a Força Internacional da Otan no Afeganistão (Isaf) terá a partir de agora um papel de apoio, principalmente em caso de ataque aéreo, e de formação dos quase 350 mil membros das forças de segurança afegãs, que incluem soldados, policiais e paramilitares.
Analistas, no entanto, têm sérias dúvidas sobre a capacidade das forças afegãs, sobretudo depois de 2014, para lutar contra a rebelião talibã, expulsa do poder em 2001, mas que ganhou terreno nos últimos meses.
Pouco antes do anúncio de Karzai, três civis morreram e 24 pessoas ficaram feridas em um atentado contra Mohamed Mohaqiq, um líder da minoria hazara e aliado do presidente do país.
Mohaqiq escapou ileso do ataque em Cabul, provocado por uma bomba de fabricação caseira.
Qatar
O Alto Conselho da Paz do Afeganistão vai viajar ao qatar para discutir as negociações de paz com o Talibã, também disse Karzai.
"Esperamos que nossos irmãos do Talibã também entendam que o processo irá avançar em breve para o nosso país", disse Karzai. O Taliban não se manifestou sobre o anúncio.
Karzai disse que três princípios foram estabelecidos para orientar as discussões que elas sejam transferidas para o Afeganistão imediatamente depois do seu início no Qatar; que elas tragam o fim da violência; e que não se tornem uma ferramenta para que terceiros países explorem o Afeganistão.
No mês passado, Karzai conclamou o Talibã a combater os verdadeiros inimigos do Paquistão, no que foi visto como uma indireta ao Paquistão, dias depois de um confronto entre as forças de segurança dos dois países na região da fronteira.
Não houve manifestação imediata por parte do Paquistão, que na década de 1990 ajudou o Talibã a assumir o poder no Afeganistão, e que agora também enfrenta uma insurgência do Talibã paquistanês.
Muitos líderes afegãos dizem que o Paquistão continua ajudando militantes no Afeganistão, vendo-os como uma ferramenta para se contrapor à influência da Índia, tradicional rival de Islamabad.
O Talibã paquistanês é uma entidade separada do Talibã afegão, mas ambos são aliados.
Uma fonte diplomática afegã no Qatar disse que o Talibã afegão planeja inaugurar um escritório no país árabe ainda na terça-feira. Isso ajudará a reiniciar as discussões de paz, afirmou a fonte.

Fonte: G1