A Marinha ucraniana mantém apenas um navio de guerra, uma lancha com artilharia e oito navios de apoio depois que 51 embarcações deste país com base na Crimeia passaram para o lado russo, informou nesta quarta-feira o chefe do Instituto de Pesquisas Político-Militares da Ucrânia, Dmitri Timchuk.

A fragata "Hetman Sahaidachny" e a lancha com artilharia "Skadovsk-U170" são as únicas embarcações de combate que conseguiram escapar a tempo da Crimeia, onde se encontrava a base da Armada da Ucrânia, para não serem tomados pelas tropas russas. Além das embarcações citadas, a frota militar ucraniana conservou mais cinco lanchas e outros três navios menores.

O restante dos navios de guerra passou ao lado russo em uma histórica tragédia para a Marinha ucraniana, que perdeu sua embarcação insígnia, seu único submarino, dois navios de desembarque, dois draga-minas, seis corvetas e dois navios de carga.

O draga-mina "Cherkassy", navio especializado na recolha e na desativação de minas, não pôde sair a mar aberto depois que as tropas russas afundassem três embarcações próprias para fechar uma via de escape em águas do lago Dozuzlav. Este foi navio de guerra ucraniano foi tomado no final da noite de ontem, após uma ação que durou mais de duas horas.
Após ter contornado várias tentativas de assalto e, inclusive, ter tentado atravessar o estreito corredor entre os navios russos submersos, o "Cherkassy" foi tomado na noite de ontem, embora tenha oferecido uma grande resistência às tropas russas.
A Rússia anunciou hoje que os militares ucranianos situados na Crimeia começarão a deixar a península ainda nesta quarta-feira. De acordo com as fontes militares, os oficiais retornaram ao país de trem e sem seu armamento e equipamentos.
A Ucrânia, que ordenou a retirada de suas tropas da Crimeia há dois dias, quando já havia perdido praticamente todas as suas unidades e navios na península, negociou até última hora a possibilidade de se retirar com armamento, veículos e equipamentos.
O ex-ministro ucraniano de Defesa Igor Teniukh assegurou ontem, antes de apresentar sua renúncia - aceita depois pelo parlamento -, que os 4 mil soldados ucranianos que desejam seguir a serviço da Ucrânia (de um total de quase 19 mil) deveriam sair da Crimeia com todo seu equipamento.
A maioria dos últimos destacamentos, bases e navios de guerra que seguiam leais a Kiev foram assaltados e tomados pelas forças russas desde o último sábado, no meio de uma absoluta inoperância da cúpula militar e política do país, denunciada como negligente por muitos oficiais ucranianos.
Pelo menos cinco oficiais ucranianos, entre eles o comandante adjunto da Armada da Ucrânia para a defesa do litoral, o general Igor Voronchenk, foram detidos pelas autoridades da Crimeia por resistirem aos russos.

Da Exame