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NAVIOS BRASILEIROS AFUNDADOS PELOS UBOAT DO EIXO
NA SEGUNDA GRANDE GUERRA


A cada torpedeamento de navios, os submarinos do Eixo entravam em contato com suas bases, informando do contato, ataque, tipo de navio, local etc, registros esses que permitiram identificar não só os afundamentos dos nossos navios, mas também quem os fez e em que circunstâncias. Isso sem contar com entrevistas com tripulantes capturados e até contatos pessoais com os submarinos, durante as operações (ver o caso do Piave, abaixo). Depois da guerra, por exemplo, a justiça brasileira tentou, durante dois anos, extraditar a tripulação de um submarino alemão que tinha metralhado tripulantes brasileiros.

Quem afirma que não há documentos referentes a afundamentos de navios brasileiros antes da guerra está simplesmente espalhando boatos sem fundamento. Isso não é história.

Veja, só, antes da entrada do Brasil na Guerra, em 31 de agosto de 1942, foram atacados os seguintes navios:

BUARQUE, torpedeado pelo U-432 comandado pelo Capitão-Tenente Heinz-Otto Schultze, a 60 milhas do Cabo Hatteras (EUA), em 16/2/1942. Morreu um passageiro;

OLINDA, torpedeado pelo U-432 comandado pelo Capitão-Tenente Heinz-Otto Schultze, ao largo da costa da Virgínia, em 18/2/1942. Sem perda de vidas;

CABEDELO, desapareceu sem vestígios após zarpar de Filadélfia, EUA. Considera-se que foi afundado por submarino italiano ou alemão;

ARABUTÃ, torpedeado pelo U-155 comandado pelo Capitão-Tenente Adolf Cornelius Pieining, em 7/3/1942. Morreu um tripulante. Este navio navegava as escuras, o que era ilegal para um neutro;

CAIRU, torpedeado pelo U-94, do Capitão de Corveta Otto Ites, em 8/3/1942, a 130 milhas de Nova Iorque. Morreram 47 tripulantes e 6 passageiros;

PARNAÍBA, torpedeado pelo U-162, do Capitão-Tenente Jürgen Wattenberg, em 1/5/1942, próximo a ilha de Trindade (fora da zona de guerra, portanto). Morreram 7 homens;

COMANDANTE LIRA, torpedeado pelo Barbarigo (italiano), comandado pelo Capitão Enzo Grossi, em 18/5/1942, ao largo do Ceará. Apesar do navio não ter afundado, dois tripulantes morreram;

GONÇALVES DIAS, torpedeado pelo U-502, do Capitão-Tenente Jürgen Von Rosenstiel, em 24/5/1942, ao sul do Haiti. Morreram seis homens a bordo;

ALEGRETE, torpedeado pelo U-156, do Capitão-de-Corveta Werner Hartenstein, em 1/6/1942, próximo da ilha de Santa Lúcia, Caribe. Não houve vítimas;

PEDRINHAS, torpedeado pelo U-203, do capitão-Tenente Rolf Mützelburg, em 26/6/1942, a caminho de Nova Iorque. Sem vítimas;

TAMANDARÉ, torpedeado pelo U-66, do capitão-tenente Friedrich Markworth, em 26/7/1942, próximo a Trindade (Caribe). 4 mortos;

BARBACENA, torpedeado pelo U-155, comandado pelo Capitão-Tenente Adolf Cornelius Pieining, em 28/7/1942, próximo a Trindade (Caribe). 6 mortos;

PIAVE, torpedeado pelo U-155, comandado pelo Capitão-Tenente Adolf Cornelius Pieining, em 28/7/1942, próximo a Trindade (Caribe). Morreu o capitão. Observe que o U-155 veio a tona, bombardeou o Piave com 48 tiros de canhão (para afundá-lo, pois era petroleiro e viajava vazio). Além disso o submarino aproximou-se das baleeiras com os sobreviventes e os interrogou sobre o navio, destino e carga, deixando com eles água, pães e uma garrafa de rum. Dificilmente seria possível confundir um
submarino nessas condições;

Até esta data, tinha sido torpedeados doze navios, com 132 tripulantes, 3 marinheiros (equipagem de canhões de auto-defesa) e sete passageiros mortos ou desaparecidos.

Os afundamentos que levaram o Brasil a entrar na guerra foram os seguintes, todos pelo U-507, comandado pelo Capitão de Corveta Harro Schacht:

BAEPENDI, 15/8/1942, ao largo do Rio Real. 290 (duzentos e noventa) mortos, entre tripulantes e passageiros;

ARARAQUARA, 15/8/1942, ao largo do Rio Real. 131 (cento e trinta e um) mortos, entre tripulantes e passageiros;

ANÍBAL BENÉVOLO, ao largo do Rio Real. 16/8/1942. 150 (cento e cinqüenta) mortos, entre tripulantes e passageiros;

ITAGIBA, ao largo de Salvador. 17/8/1942. 36 mortos entre tripulantes e passageiros;

ARARÁ, ao largo de Salvador. 17/8/1942. 20 tripulantes mortos;

Em menos de uma semana (quatro dias), um só submarino causou 627 mortos! O submarino chegou a ser atacado por um avião de patrulha no dia 18, mas conseguiu escapar com danos leves. O capitão Schacht voltou à Alemanha, sendo afundado na missão seguinte. A sua viúva recebeu a cruz de guerra, dada postumamente.

O que interessa é que TODOS os navios que foram atacados o foram por submarinos do Eixo, com nome, número e comandantes conhecidos. A única exceção sendo o Cabedelo, que desapareceu e ninguém sabe o que aconteceu com ele (pode até ter afundado acidentalmente), mas se a idéia era criar um "causus belii", não serviria, pois não deixou sobreviventes. Além disso há dois navios afundados por submarinos alemães antes da sua perda. Observe que alguns navios foram inspecionados antes ou depois do torpedeamento, os tripulantes vendo que eram submarinos alemães.

Além dos documentos de arquivo alemães, você pode encontrar informações sobre a campanha de submarinos alemã contra o Brasil nos diários de Goebbels, onde ele discute represarias a serem feitas ao Brasil, e nas atas das reuniões da Chancelaria de Hitler, aonde o assunto do Brasil chegou a ser discutido e o ataque contra nossos navios expressamente autorizado.

Fontes bibliográficas:

GAMA, Arthur Oscar Saldanha da. A marinha do Brasil na Segunda Guerra
Mundial. Rio de Janeiro, Capemi editora, 1982.

DUARTE, Paulo de Queirós. Dias de Guerra no Atlântico Sul. Rio de
Janeiro, Bibliex, 1968.

MARTINS, Hélio Leôncio. História Naval Brasileira. Quinto Volume, Tomo
II. Rio de Janeiro, SDGM, 1985.

DEUTSCHER Oberkommando der Kriegsmarine, Fuehrer Conferences on matters
dealing with the German Navy, 1942. Tradução do Office of Naval
Itelligence, Washington, Gov. Print. Off., 1947;

LOCHNER, Louis P. (ed). The Goebbels Diaries. New York, 1948.




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Destino dos submarinos alemães que afundaram navios brasileiros

ou foram atacados pela FAB - USN, 1942-1945



Submarino Tipo Fabricante 1 Navio(s) brasileiro(s)
afundado(s) ou ação da FAB
Afundamento (data e detalhes)
U-66 IXC
(a)
Tamandaré (26-VI-42) 6-V-44, afundado por VC-55
(CVE-106 USS Block Island) e USS Buckley
U-94 VIIC
(b)
Cayru (8-III-42) 28-VIII-42, afundado por HMCS Oakville e
VP-92 USN
U-154 IXC
(a)
Atacado por avião B-18B
da FAB
(8-V-43)
3-VII-44, afundado por USS Inch e USS Frost
U-155 IXC
(a)
Arabutan (7-III-42)
Barbacena (28-VI-42)
Piave (28-VI-42)
30-VI-45, Loch Ryan, Escócia 2
U-161 IXC
(c)
Itapagé (26-XI-43) 27-IX-43, afundado por VP-74 USN
U-162 IXC
(c)
Parnahyba (1-V-42) 3-IX-42, afundado por HMS Vimy,
HMS Pathfinder e HMS Quentin
U-163 IXC
(c)
Apalóide (22-XI-42) 21-III-43 (última data conhecida)
U-170 IXC-40
(c)
Campos (23-X-43) 29-V-45, Loch Ryan, Escócia 2
U-185 IXC-40
(a)
Bagé (31-VII-43) 24-VIII-43
U-199 IXD2
(a)
Atacado por aviões A-28A e
PBY-5 da FAB e PBM-3 da
US Navy
(31-VII-43)
31-VII-43, afundado por 1º Gp Pat FAB
U-203 VIIC
(b)
Pedrinhas (26-VI-42) 25-IV-43, afundado por HMS Biter,
HMS Pathfinder e No. 811 Sqn FAA
U-432 VIIC
(d)
Buarque(16-II-1942)
Olinda(18-II-1942)
11-III-43
U-502 IXC
(e)
Gonçalves Dias (24-V-42) 5-VII-42, afundado por No. 172 Sqn RAF
U-504 IXC
(e)
Porto Alegre (3-XI-42) 30-VII-43
U-507 IXC
(e)
Baependy (15-VIII-42)
Araraquara (15-VIII-42)
Annibal Benévolo
Itagiba (17-VIII-42)
Arará (17-VIII-42)
Jacira (19-VIII-42)
(16-VIII-42)
13-I-43, afundado por VP-83 USN ao
largo da costa brasileira
U-513 IXC
(e)
Alegrete (1-VI-42) 19-VII-43
U-514 IXC
(e)
Ozório (27-IX-42)
Lages (27-IX-42)
8-VII-43
U-516 IXC
(e)
Antonico (28-IX-42) 14-V-45, rendeu-se no porto de
Loch Eriboll, Escócia
U-518 IXC
(e)
Brasilóide (18-II-43) 22-IV-43
U-590 VIIC
(f)
Pelotaslóide (4-VII-43) 9-VII-43
U-861 IXD2
(a)
Vital de Oliveira (19-VII-44) 14-V-45, Lisahally, Irlanda do Norte 2


Notas:

  1. Fabricantes:
    (a) AG Weser (Bremen)
    (b) F. Krupp Germaniawerft AG (Kiel)
    (c) Deutsche Schiff und Maschinenbau AG (Bremen)
    (d) F. Schichau GmbH (Danzig)
    (e) Deutsche Werft AG (Hamburg)
    (f) Blohm und Voss (Hamburg)
  2. Operação "Deadlight", destruição de submarinos alemães pelos Aliados ao final das hostilidades.


Bibliografia:

  1. "História Geral da Aeronáutica Brasileira", V. 3, Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, Rio de Janeiro, 1991.
  2. Gastaldoni, I. (comunicação pessoal), 1996.
  3. Helgason, G., "The U-boat War 1939-1945", http://uboat.net, 1995.