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Veteranos argentinos das Malvinas denunciam abusos

Da Reuters - Via G1 - Por Helen Popper

BUENOS AIRES, Argentina (Reuters) - Além do medo e do frio extremo, os veteranos de guerra argentinos dizem que a pior coisa enfrentada nas ilhas Malvinas foi o abuso sistemático de que foram vítima nas mãos de seus superiores durante o conflito de 1982.

Por medo ou vergonha, muitos deles guardaram esse segredo durante anos, mas agora começam a reunir provas para a primeira investigação judicial sobre os abusos a que teriam sido submetidos os militares presentes na ilha controlada pela Grã-Bretanha, e chamada de Falklands pelos britânicos.

"Não se trata de uma vingança. Trata-se apenas de dizer: 'Quero que as pessoas saibam o que eles fizeram comigo'", afirmou Orlando Pascua, enviado ao arquipélago do sul do oceano Atlântico quando tinha 19 anos de idade.

Pascua é testemunha em um dos dezenas de incidentes que estão sendo investigados atualmente por uma juíza federal da Terra do Fogo -- a fria Província argentina que considera as ilhas Malvinas parte de sua jurisdição.

Os veteranos dizem que ficaram amarrados e pregados no chão congelado com presilhas de barraca durante horas ou enterrados até o pescoço na areia úmida porque cometeram pequenas infrações tais como roubar um biscoito ou matar uma ovelha para melhorar suas parcas rações.

Segundo o processo, quatro soldados morreram de fome durante a guerra. Os oficiais, alguns ainda na ativa, são acusados de deixar seus subordinados passar fome deliberadamente.
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MEMÓRIA DOLOROSA

A invasão argentina das ilhas Malvinas é considerado um erro cometido pela junta militar que controlava o país então. Porém, durante anos, o destino dos veteranos da guerra continuou a ser um assunto proibido.

Um total de 8.000 argentinos participaram dos conflitos nos quais 649 soldados da Argentina e 255 soldados da Grã-Bretanha foram mortos. A guerra acabou quando os argentinos se renderam, no dia 14 de junho, dez semanas depois da invasão das ilhas.

Segundo o grupo de ex-militares, 450 veteranos das Malvinas cometeram suicídio e alguns responsabilizam por isso as punições cruéis de que teriam sido vítimas nas ilhas.

"Os jovens que serviram nas Malvinas foram condenados a 25 anos de silêncio", disse Pablo Vassel, que começou a reunir provas sobre os casos quando trabalhou como secretário dos direitos humanos da Província de Corrientes.

Por enquanto, 73 incidentes estão sendo investigados pelo Judiciário, disse Vassel.

O esforço conta com o apoio de famosos grupos de defesa dos direitos humanos, entre os quais as Mães da Praça de Maio, que há anos mobilizam-se em busca de descobrir o paradeiro de seus filhos sequestrados e mortos durante a ditadura que ficou no poder entre 1976 e 1983.

"Os torturadores da década de 70 estão envolvidos na Guerra das Malvinas", disse Taty Almeida, uma das líderes das Mães da Praça de Maio. "Coisas horríveis foram feitas com esses soldados. E isso por oficiais argentinos. Nem mesmo os britânicos trataram os militares argentinos dessa forma."


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Inglaterra pede desculpas à Argentina por
não avisar sobre restos de militar nas Malvinas


Da France Presse - Via G1

A Grã-Bretanha pediu desculpas à Argentina por ter omitido informações durante 22 anos relacionadas à descoberta nas Ilhas Malvinas dos restos de um militar argentino morto durante a guerra de 1982, revelou uma fonte diplomática britânica nesta quarta-feira à AFP.

A carta de desculpas foi entregue ao vice-chanceler argentino Victorio Taccetti pelo embaixador britânico em Buenos Aires, John Hughes, no dia 7 de maio, disse a fonte diplomática.

O documento leva a assinatura da ministra para Territórios de Ultramar da Chancelaria britânica, Meg Munn que, além de pedir desculpas, ofereceu ao governo argentino sepultar os restos com honras militares no cemitério de Darwin (povoado no centro das Malvinas), onde estão enterrados os soldados argentinos mortos na guerra de 1982.

"Trata-se de um osso de uma perna que foi encontrado em uma praia, junto a restos de um uniforme com as características do usado por pilotos de avião argentinos durante a guerra das Malvinas", disse a fonte à AFP.

Os restos foram encontrados em fevereiro de 1986, mas permaneceram na central de Polícia das Malvinas até o final de abril, quando foram levados para a base militar britânica de Monte Agradable, onde estão num ataúde coberto por uma bandera argentina.

Em território argentino será realizado um exame de DNA que permita revelar a identidade do militar, disse uma fonte governamental de Buenos Aires à AFP.

A chancelaria argentina manifestou em nota sua consternação pela insólita demora na notificação da descoberta dos restos mortais e pediu a Londres que esclareça o episódio e identifique seus responsáveis.

Durante a guerra vencida pela Grã-Bretanha, aviões argentinos caíram na zona onde foram encontrados os restos humanos, em uma praia da Ilha Soledad, o que reforçou a hipótese de que pertençam a um piloto de combate.

Buenos Aires reivindica a Londres a devolução do arquipélago desde que tropas britânicas o ocuparam em 1833 e expulsaram os habitantes argentinos.

A última ditadura argentina (1976-1983) tentou recuperar as ilhas à força em 1982, mas perdeu a guerra de 74 dias durante a qual morreram 649 soldados argentinos e 259 britânicos.