Barcos tentam resgatar sobreviventes nas águas geladas do rio Hudson


Piloto é considerado herói por 'milagre no rio Hudson'

Profissional com 40 anos de experiência consegue evitar desastre e salva 155 pessoas a bordo de avião em NY

Agências internacionais - Estadão

Os passageiros da aeronave da US Airways que caiu na tarde de quinta-feira, 15, no rio Hudson, em Nova York, elogiaram as ações e a coragem do piloto, que conseguiu evitar um desastre e salvou todas as 155 pessoas a bordo. Com 40 de experiência na indústria da avião, Chesley B. "Sully" Sullenberger, ex-piloto da Força Aérea americana, que está na companhia desde 1980, conseguiu aterrissar com calma o avião nas águas do rio com as duas turbinas com problemas.

Foto: Reuters

o piloto Chelsey B. Sullenberger estava no comando da aeronave que pousou no rio

Antes da queda, o piloto havia alertado aos controladores de voo do aeroporto que o avião havia sido atingido por pássaros. Um controlador pediu que ele retornasse ao Aeroporto de La Guardia, mas o piloto localizou outro aeroporto debaixo dele - o Teterboro, em New Jersey - e pediu para aterrissar lá. Mas não conseguiu evitar a queda do Airbus no Rio Hudson, na altura da Rua 48, no centro de Manhattan. Sullenberger então ajudou os passageiros a escapar em botes de resgate, e andou duas vezes pela aeronave para garantir que ninguém estivesse no local antes do equipamento afundar.

"Nós tivemos um milagre no Hudson", afirmou o governador de Nova York, David Patterson. Por alguns momentos, o avião ficou submerso até a altura das janelas nas águas frias do rio - a temperatura média em Nova York ontem era de -6°C. Pouco a pouco, o Airbus parecia afundar. Equipes de resgate abriram as portas do avião para retirar os passageiros, que usavam coletes salva-vidas. A região foi totalmente cercada por balsas e barcos. O Departamento de Polícia de Nova York enviou uma equipe de mergulhadores para ajudar no resgate das vítimas.

Jeff Kolodjay, um dos passageiros do Airbus, afirmou que antes da colisão foi possível escutar uma explosão. "O motor explodiu e havia fogo por todos os lados", disse Kolodjay, de Connecticut. Segundo ele, o capitão pediu a todos que adotassem a posição de impacto, advertindo que o avião ia cair. "Algumas pessoas sangraram porque atingimos a água com muita força. Foi muito assustador". Outro passageiro, Alberto Panero, disse à rede CNN: "Foi simplesmente incrível todos terem sobrevivido."

Especialistas em aviação disseram que a aterrissagem de emergência de um avião comercial na água sem que o avião se partisse foi algo extraordinário. "Uma aterrissagem na água é geralmente mais destrutiva que a terrestre. É fantástico um jato Airbus conseguir aterrissar em um rio sem se partir", disse Max Vermij, especialista em acidentes aéreos. Ele especulou que provavelmente o avião atingiu a água a uma velocidade de aproximadamente 140 nós. "Geralmente as asas e as turbinas são arrancadas com o impacto e a água entraria no avião afetando a fuselagem."

A fabricante europeia Airbus enviará uma equipe de especialistas a Nova York para examinar o aparelho A320, que caiu sobre o rio Hudson. "A investigação é responsabilidade absoluta das autoridades relevantes e seria inadequado que a Airbus entrasse em qualquer tipo de especulação sobre a causa do acidente", disse a empresa em comunicado.

A Airbus enviará uma equipe de especialistas para dar "assistência técnica total" à Junta Nacional de Segurança no Transporte dos Estados Unidos (NTSB, na sigla em inglês) e ao Escritório de Pesquisas e Análise da França, encarregados de esclarecer o fato. A fabricante do aparelho propriedade da US Airways disse que a aeronave foi entregue em 2 de agosto de 1999 à companhia aérea e que era equipada com motores CFM 56-5B4/P.

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Foto: Reprodução/Facebook
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Chelsey Sullenberger tem comunidade de homenagem no Facebook.
Autoridade de aviação diz que houve um pouso forçado, não uma queda.

Do G1, em São Paulo, com agências

O piloto que fez o pouso forçado no rio Hudson, em Nova York, salvando 155 passageiros, está sendo considerado como 'herói' pela imprensa americana e já ganhou até um fã-clube virtual.

Chelsey B. Sullenberger, de 57 anos, nasceu em Danville, na Califórnia, e é piloto da US Airways desde 1980. Na quinta-feira (15), ele pilotava o voo 1549, que havia decolado do aeroporto de La Guardia com destino a Charlotte, quando uma pane o fez fazer um pouso de emergência. Segundo testemunhas, houve uma explosão (possivelmente causada pelo choque com pássaros) logo após a decolagem, e menos de cinco minutos após sair do chão o avião já pousava na água, de forma estável e sem desespero.

Nesta sexta-feira (16), uma comunidade na rede social Facebook foi criada com o nome "Fãs de Sully Sullenberger" e tem mensagens como "você salvou muitas vidas e é um verdadeiro herói". O governador David Paterson chamou o caso de "milagre do Hudson".

Segundo a agência Associated Press, a caixa de e-mails de Sullenberger estava lotada no fim da quinta-feira, já após o acidente.

Segundo o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, ainda é cedo para especular sobre as causas do acidente. O avião foi rebocado e vai ser analisado para que se descubram o que fez as turbinas pararem de funcionar. Bloomberg afirmou que nenhum passageiro teve ferimentos graves. Segundo a CNN, um dos principais problemas dos sobreviventes levados ao hospital era hipotermia por conta da baixa temperatura da água do rio.

Mapa mostra o suposto trajeto percorrido pelo avião desde o aeroporto de La Guardia até o pouso forçado no rio Hudson (Foto: Ilustração/G1)

Resgate

Após o acidente, sobreviventes foram vistos sobre as asas da aeronave, aguardando serem resgatados. Imagens de agências de notícias mostravam barcos já fazendo o resgate dos sobreviventes, e a aeronave afundava aos poucos no rio.

Pouco depois do início dos resgates, um sobrevivente do acidente disse à rede de TV CNN que achava que não havia vítimas, e que todas as pessoas a bordo haviam sobrevivido. Segundo este sobrevivente, momentos antes de o avião se chocar contra o rio, o comandante do voo avisou aos passageiros para se prepararem para o impacto. Segundo a reportagem da CNN, os passageiros que eram resgatados chegavam à terra em boas condições.

“Estou certo de que todo mundo saiu”, disse o passageiro que se identificou como Alberto Panero. "É incrível que todos estejam vivos.”

Um outro passageiro disse ter ouvido um barulho semelhante ao de uma explosão logo após decolar. “O motor explodiu. Havia fogo em todos os lugares”, disse o passageiro Jeff Kolodjay, de Norwalk, Connecticut, à agência Reuters. “Algumas pessoas estavam sangrando durante o resgate. O impacto na água foi bastante forte. Foi assustador”, completou.