O dia em que a música morreu

Fonte: Ciclotimia Digital

Muitas coisas acontecem todo dia em todo mundo. Pessoas nascem e pessoas morrem, e no dia três de fevereiro não foi diferente. Porém o que marca esse dia não é o nascimento de pessoas como Dulcina de Moraes excelente atriz carioca da década de 20, Chico Serra, o tri-campeão da Stock Car, ou de Matheus Leonardo Parolin a pessoa que escreve isso agora. O dia é famoso pelas perdas, como de Johann Gensfleisch Zur Laden Zum Gutenberg o inventor da imprensa e de Raul Padilla , o Jaiminho do Chaves.

Porém a maior perda foi a musical.

Em três de fevereiro de 1959 um avião se choca em uma montanha em Iowa matando seus três célebres passageiros: Big Bopper, Ritchie Valens e Buddy Holly, tornando o dia mais conhecido como "O Dia que a Música Morreu".

O rock tinha acabado de nascer e não conseguia manter uma boa base para continuar crescendo. Elvis foi para a guerra e quando voltou resolveu fazer filminhos e músiquinhas de qualidade duvidosa como Viva Las Vegas e Bossa Nova Baby. Jerry Lee Lewis estava enterrado pelas críticas com o casamento com sua prima de 13 anos. Chuck Berry estava pior ainda, preso com o caso de prostituição com uma menor. Little Richard encontrou "a luz", abandonou o rock e foi para a igreja.

Nesse cenário decadente surge os três astros que reviraram e reviveram a música. Eram todos jovens ainda e talvez não tivessem uma carreira longa e famosa, mas a morte prematura fez com que todos eles entrassem para a história do rock.

Richie Valens tinha apenas 17 anos e talvez se tornasse o que os americanos chamam de one hit wonder, mas o fato é que ele acertou em cheio ao gravar "La Bamba", tornando-o digno de nota na história da ascensão dos latinos na cultura de massas americana.

Big Bopper era nada mais nada menos que o DJ mais famoso da América e autor do hit "Chantilly Lace", que para alguns não passa de uma música engraçadinha, mas ela foi sucesso e fez muitos se sentirem "vivos por dentro", como somente uma música de verdade é capaz.

Buddy Holly com certeza era o mais importante dos três, possuia mais canções gravadas que os outros dois, e ainda é possível encontrar vários bootlegs e oficiais internet afora. Ele popularizou o que hoje é o padrão do rock: duas guitarras, um baixo e uma bateria.



E a sua influência não para por aí, muitos cantores como Raul Seixas e Lulu Santos aqui no Brasil e os Beatles e Rolling Stones na Inglaterra eram fãs incondicionais do Buddy Holly, e seus trabalhos foram profundamente influenciados por Buddy e sua banda Crickets. A primeira canção gravada por Mick Jagger e a sua turma foi "Not Fade Away" e os Beatles criaram seu nome a partir do nome da banda de Buddy Holly, The Crickets. E como se não bastasse o rapaz usava óculos; e ninguém usava óculos no showbiz antes dele.

O acidente ocorreu na madrugada de 3 de fevereiro de 1959, logo após um show em Clear Lake. Os três participavam da turnê Winter Dance Party, consolidando junto aos fãs do meio-oeste americano o sucesso. Após infindáveis e extenuantes viagens de ônibus, ao longo de estradas constantemente cobertas de neve, Buddy Holly cansado resolveu fretar um avião para continuar a turnê. Havia mais dois lugares, um deles ocupado por Big Bopper que estava gripado e cansado da longa turnê. Dizem por aí que a última vaga foi disputada no cara-ou-coroa, e como Deus além de jogar dados com o universo joga também jo-ken-po, cara-ou-coroa e ímpar-par, o escolhido foi Ritchie Valens.

A música sofreu um baque e demoraria para se recuperar. Foi preciso que alguns garotos mal educados de Liverpool aparecessem cantando "I Want to Hold Your Hand".

Então a partir da metade da década de 60 o rock resgataria sua vocação transgressora, e no início de 70 Don McLean, escreve e lança American Pie.

A canção transformou-se num estrondoso sucesso e chegou ao primeiro lugar nos tops norte-americanos. A sua letra extensa e enigmática contém dezenas de referências a vários artistas, canções, lugares e acontecimentos da história do Rock and Roll. O significado das suas metáforas tem sido debatido durante anos pelos admiradores da música, o que gerou diversas hipóteses que tentam esclarecer cada frase escrita por Don McLean.

Monumento no local do acidente


A música fala sobre "o dia em que a música morreu", numa alusão ao dia em que Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Bopper morreram num acidente de avião, tecendo um comentário acerca de como o rock & roll mudou nos anos que se seguiram. McLean aparenta lamentar a falta de música "dançável", em parte atribuindo essa carência à ausência de Buddy Holly e seus companheiros.



Buddy Holly - The singles (1959)
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Ritchie Valens
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The Big Bopper - Hellooo baby! (1958)
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Morte de Buddy Holly e Ritchie Valens faz 50 anos

AP - IG Musica

Faz 50 anos que um avião monomotor caiu em um campo coberto de neve em Iowa, matando instantaneamente três homens cujos nomes se tornariam cultuados na história do rock ‘n’ roll. As décadas que passaram não diminuíram a fascinação daquela noite de 2 de fevereiro de 1959 quando Buddy Holly, 22, J.P. “The Big Bopper” Richardson, 28, e Ritchie Valens, 17, se apresentaram em Clear Lake e então embarcaram no avião para um voo planejado de 300 milhas que durou só alguns minutos.

“Foi realmente o primeiro marco do rock ‘n’ roll; a primeira morte”, disse o historiador de rock Jim Dawson, que escreveu alguns livros sobre a música daquela era. “Dizem que essas coisas vêm em três. Bem, todas as três aconteceram ao mesmo tempo”.

Desde quarta-feira, milhares de pessoas se reunem na pequena cidade no norte de Iowa, onde os pioneiros do rock deram sua última performance. Elas foram ao Surf Ballroom para simpósios com os parentes dos três músicos, apresentações com ingressos esgotados e uma cerimônia em que o Hall da Fama do Rock and Roll classificará o edifício como o nono marco nacional.

E todos vão discutir por que depois de tantos anos tantas pessoas ainda se preocupam com o que o compositor Don McLean notoriamente chamou de “o dia em que a música morreu”. “É o local da última performance desses três grandes artistas”, disse Terry Stewart, diretor-geral do Hall da Fama do Rock and Roll em Cleveland. “Merece ser fixado no tempo”.

Clear Lake é um lugar incomum para uma peregrinação do rock ‘n’ roll – especialmente no inverno. A cidade resort que possui um lago homônimo tem dias de inverno em que o frio e o vento tornam a comunidade qualquer coisa, menos um destino turístico. O local da queda está em propriedade privada, a cinco milhas de distância de carro do centro e caminhada de um quilômetro a partir da estrada. O milho cresce em campos adjacentes durante o verão, mas no inverno eles ficam cobertos de neve e o caminho para o pequeno memorial geralmente tem gelo grosso. O memorial tem uma cruz pequena, uma fina guitarra de metal e discos, todos ornados com flores no verão.

“É uma viagem muito mais agradável no verão”, explicou Jeff Nicholas, morador de longa data de Clear Lake que encabeça a diretoria do Surf Ballroom. “Mas no verão, você sente mais o que aconteceu”. Ninguém contabiliza o número de visitantes, mas os fãs fazem uma parada ao longo do ano e em alguns dias do verão os visitantes podem criar um tráfego intenso, estranho em um campo de milho.

Stewart diz que as mortes ainda ressoam porque ocorreram em uma época em que o rock ‘n’ roll estava passando por uma transição de algum tipo. O som de Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e Holly estava abrindo caminho para a Invasão Britânica de meados dos anos 1960. “A música estava modificando e mudando naquele momento”, afirmou ele. “O acidente colocou um ponto na mudança”.

Todos os músicos influenciaram o rock and roll à sua maneira. A carreira de Holly foi curta, mas seu estilo vocal soluçado e o talento ao tocar guitarra e escrever músicas tiveram uma influência tremenda mais tarde. Os Beatles, que se formaram na época do acidente, estavam entre seus primeiros fãs e modelaram seu nome a exemplo da banda de Holly, The Crickets. As músicas famosas de Holly incluem "That'll Be The Day," "Peggy Sue" e "Maybe Baby."

Richardson, “The Big Bopper”, geralmente é creditado como o criador do primeiro vídeo de música com sua performance gravada de “Chantilly Lace” em 1958, décadas antes da MTV. E Valens foi um dos primeiros músicos a aplicar a influência mexicana no rock ‘n’ roll. Ele gravou o grande hit “La Bamba” poucos meses antes do acidente.

Beechcraft Bonanza V35 similar ao que os músicos se acidentaram

O avião saiu do aeroporto na cidade próxima de Mason City aproximadamente a uma da manhã em direção a Moorhead, Minnesota, com os músicos querendo fugir de uma cansativa e fria viagem de ônibus pelo norte do meio-oeste. Poucas horas depois, o avião demolido foi encontrado, amassado contra uma cerca de arame. Os investigadores acreditam que o piloto, que também morreu, ficou confuso na noite escura e com neve, e colidiu o avião no chão.

A queda despertou uma onda de lamentos entre os fãs apaixonados, a maioria jovem, por todo o país. Doze anos depois, a queda foi imortalizada como “o dia em que a música morreu” na música de McLean de 1971, “American Pie”.

Vonnie Amosson, que gerencia o hall dos Veteranos de Guerras Estrangeiras em Clear Lake, disse que desde que o avião caiu, a comunidade abraçou a tragédia. É uma sequência continuada de dólares de turismo, e a câmara de comércio da cidade estima que o evento deste ano, apelidado de “Os anos 50 em fevereiro”, vai gerar mais de 4 milhões de dólares para a economia de Clear Lake. “É meio triste o fato de que somos conhecidos por isso”, lamentou Amosson, “mas, em contrapartida, acho que todo esse fim de semana será um grande memorial e uma honra para eles”.

Em parte por conta de seu papel na história do rock, o Surf Ballroom manteve seu visual de época, com uma pista de dança enorme, teto pintado como o céu e máquinas originais de fumaça em cada lado da sala. Dez banners de Buddy Holly estão alinhados na parede oposta do palco. O salão de baile com capacidade para 2.100 pessoas ainda traz muitos artistas nacionais e regionais, sendo que a maioria acrescenta seus nomes em uma parede dos bastidores que agora está cheia de desenhos e assinaturas. “É um lugar bem especial”, disse Nicholas, membro da diretoria da Surf. “Esse lugar parece exatamente como em 1959”.

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