Brasil novamente é campeão em competição de Aerodesign nos EUA
Revista: Fator

Equipes da Poli-SP e da UFMG venceram na Classe Regular, e da Escola de Engenharia de São Carlos da USP na Classe Aberta .

São Paulo– Pela quarta vez equipes brasileiras sagraram-se campeãs nas classes Aberta e Regular na SAE Aerodesign East Competition, em competição realizada no final de semana de 4 e 5 de abril, em Marietta, estado da Geórgia, nos Estados Unidos. No caso da classe Aberta, o resultado adquire destaque especial por tratar-se da quarta vitória consecutiva de uma equipe brasileira na competição.

As equipes Keep Flying, da Escola Politécnica da USP; e EESC USP Open, da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP), venceram, respectivamente, com 231,42 e 238,98 pontos as duas Classes. A terceira representante do Brasil na competição, a equipe Uai-Sô-Fly, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foi a segunda colocada na Classe Regular, com 230,6 pontos. A equipe Aero Cats, da Universidade de Cincinnati, foi a terceira colocada na Classe Regular, com 211,99 pontos.

Com 65 equipes inscritas (43 na Classe Regular, nove na Classe Aberta e 13 na Classe Micro), a competição da SAE International reuniu aviões em escala reduzida e radio-controlados, projetados e construídos por universitários da Europa e Américas. As atividades começaram dia 3, com apresentações de projetos e encerraram com sucessivas baterias de testes dos aviões, que tinham como desafio transportar o máximo de carga útil dentro das restrições impostas pelo regulamento da competição.

“Parecia uma competição brasileira nos Estados Unidos, pois a diferença depois da sétima bateria ficou inferior que um ponto entre as duas equipes brasileiras, por sua vez já bem distantes dos demais competidores”, comentou Gilberto Becker, membro do Comitê Técnico da competição brasileira presente nos EUA.

Além de campeão pela Classe Aberta, o avião de São Carlos, que tem 4m de envergadura e pesa 6,5 kg, rendeu à equipe troféu de Maior Peso Carregado: 17,7 kg. A equipe EESC USP Open ganhou mais dois prêmios: Melhor Projeto (relatório + apresentação) e de Prêmio de Inovação pela caixa de redução que possibilitou a utilização de dois motores numa mesma hélice, além de reduzir a rotação para uso de um diâmetro maior da hélice que permitiu uma maior tração.

Na Classe Regular, o título de Maior Peso Carregado foi para a equipe Keep Flying, que transportou 12,87 kg de carga útil. A equipe trará de volta ao País o Troféu Itinerante, prêmio que pelo sexto ano é concedido para uma equipe brasileira. O troféu percorre o mundo e é reservado à Classe Regular.

NASA - A equipe da Poli-USP, Keep Flying, ganhou o troféu NASA Systems Engineering Award. O prêmio é concedido à equipe que melhor seguiu os conceitos de engenharia da NASA durante a concepção e desenvolvimento da aeronave, projetada em madeira e alumínio aeronáutico, com 3 kg de peso e capacidade para transportar 12 kg de carga útil. É a primeira vez que uma equipe brasileira ganha o prêmio.

O título de segundo Maior Peso Carregado (12,3 kg), na Classe Regular, foi conquistado pela equipe Uai-Sô-Fly, que ainda apresentou o segundo Melhor Projeto (Relatório + Apresentação) da Classe Regular. A aeronave da equipe pesa 2,3 kg e foi projetada para transportar 11,5 kg de carga útil.

As três equipes brasileiras participaram da competição após conquistarem as melhores colocações na X Competição SAE BRASIL AeroDesign, ano passado, em São José dos Campos, SP. A Aerodesign East começou em 1986 e a partir de 2000 contou com a participação brasileira e, com isso, mais espaço no pódio.

Histórico - Assim, pela Classe Regular, em 2008, as equipes Cefast, do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Minas Gerais; e EESC-USP ficaram em terceiro e quarto lugares, respectivamente. Em 2007, a equipe Uirá, da Universidade Federal de Itajubá, ficou com a terceira colocação; e em 2006, a equipe ALE, da UFMG; e a equipe Tucano, da Universidade Federal de Uberlândia, foram campeã e vice, respectivamente. Em 2005, o Brasil foi campeão e vice na categoria com as equipes Car-Kará e Canarinho, esta última da Unesp Bauru. Em 2004, o segundo lugar foi da equipe CEAV/UAV, da UFMG. Já em 2002, a campeã foi a equipe Hércules/Abaquaraçu, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, escola que em 2000 ficou em segundo lugar com a equipe EESC-USP. Em 2001, a equipe Aer2001, do ITA, foi a vice-campeã na categoria.

Na Classe Aberta, em 2008, a equipe Car-Kará Open, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, venceu a SAE Aerodesign East. Em 2007 e 2006, a primeira colocação ficou com a equipe EESC-USP OPEN. O Brasil estreou o pódio da categoria em 2004, com a equipe Car-Kará, que ficou em terceiro lugar.

No Brasil, a Classe Regular é caracterizada por aviões monomotores e com cilindrada padronizada em 10 cc (10 cm³ ou 0,61in³). Já a Classe Aberta não impõe restrições geométricas às aeronaves ou ao número de motores instalados, desde que a soma das cilindradas dos motores esteja entre 19,99 cm³ (0.91 in³) a 15,08 cm³ (1.22 in³).

Competição brasileira - O Projeto AeroDesign é uma iniciativa da Seção São José dos Campos da SAE BRASIL. A competição atrai estudantes de graduação e pós-graduação de Engenharia, Física e Ciências Aeronáuticas, interessados em desenvolver projetos de aeronaves em escala reduzida, de acordo com o regulamento, capazes de superar sucessivas baterias de testes demonstrando capacidade de vôo controlado para cargas úteis crescentes (barras de chumbo), até as condições limite do projeto.

Besaliel Botelho, presidente da SAE BRASIL, destaca o excelente desempenho das equipes brasileiras nos EUA e diz que a competição impõe um rico desafio ao futuro engenheiro, porque envolve desde a concepção do projeto até a realização de testes no protótipo. “Os estudantes trabalham em equipe não somente para elaborar e documentar o projeto, mas para construí-lo e colocá-lo em prova, sempre de acordo com o regulamento técnico da competição”, afirma. Segundo o presidente da SAE BRASIL, esses quesitos ajudam o futuro profissional a chegar mais preparado ao mercado.