Fragatas FREMM para a Argélia (?)
Seis fragatas poderão salvar programa militar
Area Militar


Embora sem confirmações oficiais, alguma comunicação social noticiou na semana passada a possibilidade de a Argélia adquirir à Itália um total de seis fragatas do projecto franco-italiano FREMM.

A possibilidade de a Argélia adquirir este tipo de sistema tem sido referida com regularidade embora aparentemente o interesse fosse pela versão francesa das fragatas FREMM (classe Aquitaine).


Segundo as notícias, a Argélia estará a negociar a aquisição da versão italiana das mesmas fragatas (classe Carlo Bergamini - imagem acima).

A parte italiana do programa FREMM foi condicionada por várias peripécias, nomeadamente a rocambolesca assinatura do contrato-programa em 2005, para a qual tinha sido convidado o presidente da França e que teve que ser cancelado com apenas algumas horas de antecedência porque os italianos tinham chegado à conclusão de que não tinham dinheiro para comprar os navios previstos.

O programa inicial previa a aquisição por parte da Itália de dez fragatas FREMM adaptadas para utilização pela marinha do país. As fragatas, cujo primeiro navio da classe é a «Carlo Bergamini» estão equipadas de forma diferente das fragatas francesas.
A Itália garantiu apenas a construção de dois navios e em Abril de 2008 as autoridades militares italianas haviam confirmado que garantiam a aquisição de pelo menos quatro fragatas, somando duas às duas que já estavam confirmadas anteriormente.
Para que a parte italiana do programa inicial de 10 navios ficasse completa ficaram portanto a faltar seis navios.
Seis navios é exactamente o número de fragatas FREMM que a Argélia poderia adquirir.

Não é no entanto possível saber se o número de fragatas (seis) será resultado de uma necessidade por parte dos argelinos, ou apenas resultado de aritmética básica por parte dos jornalistas que investigaram o tema e que concluíram que a Itália necessitava vender seis fragatas.

É sabido que o programa italiano de construção de fragatas FREMM é de grande importância para garantir a sobrevivência dos estaleiros navais italianos Muggiano e Riva-Trigoso e de várias empresas italianas.

Empresas como a SELEX (grupo Finmeccanica) que produz o radar EMPAR e outras como a ELSAG e a Oto Melara precisam de encomendas. É também esse o caso da Avio, que produz uma versão da turbina LM-2500 que é o sistema propulsor mais utilizado nos navios ocidentais, pela sua potência, economia e facilidade de manutenção e que poderá ter que fechar as portas.

Portanto, como as fragatas da classe «Bergamini» utilizam grande numero de componentes italianos, a sua construção é necessária para a sobrevivência de várias industrias, embora a Itália não queira despender o dinheiro necessário para garantir a sua existência, através da aquisição de uma dezena de fragatas. Nestas condições a venda de seis fragatas à Argélia, permitiria aos italianos completar a sua parte do programa, garantindo assim a viabilidade de muitas empresas italianas de alta tecnologia pelo menos até 2018.

As fragatas FREMM foram inicialmente desenhadas como fragatas para multiutilizadores e para luta anti-submarina. Modificações nas estruturas de custos e nos custos proporcionais dos equipamentos, levaram ao desenvolvimento de uma derivaão destas fragatas destinada à defesa aérea.
Esta flexibilidade levou alguns países a optar pela aquisição deste sistema de armas. Marrocos anunciou a aquisição de um navio e o Brasil prevê a aquisição de seis a dez navios para substituir as suas actuais fragatas da classe Niteroi (Type-21 modificado) e Greenhalgh (Type 22).