(TOR M2)

Brasil estuda compra de sistema anti-aéreo russo
Tor-M2 pode ajudar a afastar F-18 do programa FX

Fonte: Area Militar

A imprensa brasileira tem noticiado nas últimas horas que o exército brasileiro está estudando a possibilidade de aquisição de sistemas de defesa anti-aérea de curto alcance de origem russa do tipo Tor-M2.

Ao contrário do que a imprensa, O Estado de São Paulo e a Folha noticiaram, o sistema que está sendo estudado, não tem capacidade para defender centrais ou instalações nucleares contra ataques israeleneses.

O sistema Tor, tanto o M-1 quanto o M-2 em que o exército estará interessado, é um sistema móvel de curto alcance, que se destina a acompanhar forças mecanizadas em sua evolução num campo de batalha, mantendo a capacidade de se defender contra possíveis ataques.

A debilidade do exército brasileiro na área da defesa aérea, foi referida ainda num recente artigo publicado no areamilitar.net da autoria de Ricardo Silva, onde se discute a questão da possibilidade de um conflito na fronteira norte.
De fato, a deficiência na defesa contra ataques aéreos é presentemente a mais gritante debilidade do exército, no que respeita a suas forças mecanizadas.

Um sistema como o Tor-M2, poderá dar ao exército uma capacidade que a força não tinha desde que foram desativados os sistemas «Roland» que chegaram da Alemanha nos anos 70 e que entretanto saíram de serviço.

Problema para o FX.

No entanto - e embora como sempre sem que a informação seja confirmada - a divulgação do interesse do Brasil no sistema Tor, poderá ter outras razões.

A FAB entregou já ao presidente um relatório sobre qual o caça que considera ser o mais adequado para a Força.

Não é do conhecimento público qual o tipo de argumentação apresentado, nem qual o caça que poderá apresentar mais vantagens segundo a FAB, no entanto é voz corrente nos meios militares, que de um ponto puramente técnico, a proposta do fabricante norte-americano Boeing, é a mais completa e aquela que apresenta mais vantagens.
Ela daria à FAB uma força e uma capacidade de projeção de força que ultrapassa claramente os restantes concorrentes.

Lula não quer ouvir falar no caça norte-americano e as posições anti-americanas que tem tomado nos últimos tempos vieram reforçar a opinião do presidente, que é resultado de seu percurso histórico de combatente da esquerda brasileira. Lulas avisou logo depois de 7 de Setembro, que era Ele quem decidia. Ele, Lula, e mais ninguém.

Porém, a FAB tem sido de um pragmatismo a toda a prova, apresentando argumentação técnica e lógica difícil de bater.
A primeira demonstração do pragmatismo da FAB ficou demonstrada quando colocou fora da corrida o caça russo Su-35, visto como muito sofisticado e elegante, mas considerado pelos militares como um autêntico abacaxi, e um potencial monte de problemas[1].

Para a última fase do programa FX a FAB também se preparou com tempo e argumentação para poder apresentar um relatório completo e sem falhas.

Considerando que a FAB se tem comportado de forma pragmática, não fazendo juízos de natureza política, a opção mais lógica será naturalmente pelo caça norte-americano F-18. É a única aeronave com provas dadas, e tem o respaldo do poder norte-americano e acima de tudo uma eficácia comprovada.

No entanto, Lula da Silva, já atrapalhou a decisão quando nas comemorações do 7 de Setembro anunciou uma parceria estratégica com a França, que inevitavelmente condicionou todo o processo. Lula sabia perfeitamente que estava jogando areia na engrenagem, sabendo também que não há nenhum interesse por parte do planalto em desagradar ao presidente da Venezuela - Hugo Chaves - que poderia ver a compra de caças norte-americanos pelo Brasil como uma ofensa.

Para piorar as coisas, a Embraer, principal empresa aeroespacial brasileira e o terceiro maior fabricante de aviões comerciais do mundo, pareceu mostrar, ainda que não oficialmente, preferências que também apontavam noutra direção. A juntar a tudo isso, os norte-americanos apresentaram a possibilidade de fazer uma grande encomenda de aeronaves Super-Tucano ao Brasil.

Onde entra o sistema de defesa aérea de curto alcance do exército na história ?

Os Estados Unidos partiram para o programa FX com o problema de convencer o governo e os militares brasileiros e vencer resistências históricas, que resultam da própria intransigência norte-americana no que diz respeito à utilização de seus sistemas militares mesmo depois de vendidos.

Desenhado ainda no tempo da União Soviética, o sistema Tor-M2 é um sistema sofisticado. Os sistemas de mísseis são praticamente a única área no campo militar, em que a Rússia - mesmo com todos os problemas económicos dos anos 90 - nunca deixou de investir. Por isso, seus sistemas de defesa anti-aérea não apresentam o desfasamento que encontramos nos restantes armamentos russos.

O sistema de defesa anti-aéreo de origem russa, foi desenhado e projetado especificamente para abater aeronaves norte-americanas.

A aquisição por parte do Brasil de sistemas sofisticados de origem russa, inevitavelmente levaria a que informações sobre o comportamento dos caças F-18 que fossem fornecidos ao Brasil juntamente com os radares e os sistemas de gestão de dados do Tor-M2, pudessem chegar com facilidade a mãos russas.*

*(Nota: Pessoalmente não concordo com essa afirmação pois Grécia e Turquia - que fabrica parte do F-35 - por exemplo, usam caças de origem americana e estão acertando a compra de sistemas tor e S-300 com a russia)

Se os Estados Unidos podem colocar entraves à venda de sistemas sofisticados de radar para países que estão comprando sistemas de defesa sofisticados de origem russa, então isso pode ser mais um argumento para explicar internamente a opção por um caça de origem europeia.

Assim, a compra ou o simples anuncio do interesse brasileiro na aquisição daquele tipo de sistema anti-aéreo poderá servir de argumento para explicar as opções de Lula da Silva, permitindo aceitar as opções da FAB, mas apresentando argumentação adicional para explicar a recusa de comprar um caça que não seja o Rafale, que Lula praticamente anunciou que seria o vencedor.

Fica salva a cara da FAB, e Lula não cairá no ridiculo de ter que comprar um avião diferente daquele que tinha decidido comprar, quando ainda nem sequer sabia quais as diferenças entre os modelos apresentados pelos concorrentes.

[1] - Os russos, não conseguiram apresentar qualquer teste ou garantia de que o caça Su-35 podia de fato cumprir as especificações da documentação russa. Alegadamente, e para dar um exemplo, o alcance operacional do caça, quando carregado, é pouco mais que ridículo. A FAB livrou-se do abacaxi, afirmando que o caça russo tinha sido excluído por causa de dificuldades na transferência de tecnologia.

Na verdade, não há nenhum problema com a transferência de tecnologia russa, o problema é que os russos tentaram vender à FAB tecnologia que ainda não existia.
Isto ficou mais uma vez comprovado, quando a Marinha do Brasil utilizou o mesmo argumento para justificar a exclusão dos submarinos russos com AIP, alegando que a Rússia não queria transferir tecnologia.

Hoje sabemos, que a tecnologia que os russos não queriam transferir, não funciona, não está completamente desenvolvida e os submarinos para a própria marinha russa estão parados nos estaleiros. A marinha russa procura desesperadamente soluções alternativas para colocar nos navios no mar, e em desespero de causa já foi anunciado o interesse em comprar submarinos da Alemanha.