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Análise: Depois de vazamento, situação de petroleira britânica se complica

A petroleira britânica British Petroleum (BP), operadora da plataforma Deepwater Horizon, está em uma situação difícil depois da explosão da plataforma que causou um grande vazamento de petróleo na costa do Estado americano da Louisiana.

A contenção do vazamento é apenas um dos problemas da BP, que terá que se responsabilizar pela operação de limpeza, além de um processo movido por todos os que forem afetados, e também o dano à imagem internacional da empresa.

A Deepwater Horizon, que pertence à empresa suíça Transocean e estava sendo operada pela BP, explodiu na terça-feira passada e afundou na quinta-feira, depois de ficar dois dias em chamas.

Onze trabalhadores desapareceram depois do desastre, que está sendo considerado o mais grave do tipo em quase uma década.

Na última quinta-feira, a grande mancha de petróleo gerada pelo equivalente a 5 mil barris de petróleo que vazam diariamente dos destroços da plataforma já alcançou a costa da Louisiana.

Com isso a BP terá que arcar com os custos de construção de uma estrutura semelhante a uma cúpula, que deverá ser levada até o oleoduto que está vazando, enquanto um poço suplementar é perfurado, para ajudar na operação de contenção, ao custo de US$ 100 milhões (R$ 173 mi).

A companhia também está usando um submarino robô para tentar fechar válvulas no poço e acabar com o vazamento, outra operação considerada cara.

Processos e gastos

Alguns especialistas afirmam que a Transocean é a responsável pela segurança na Deepwater Horizon, mas a BP também enfrentará processos devido ao acidente.

O processo contra a BP e a Transocean já foi aberto em nome dos 11 funcionários desaparecidos depois da explosão.

Dois pescadores de camarão da Louisiana também entraram com um processo contra todos os responsáveis pela plataforma, incluindo a BP.

Nesta sexta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou a BP "é, em última análise, a responsável pelo pagamento dos custos da limpeza e das operações, mas estamos preparados para cumprir nossa responsabilidade em todas as comunidades afetadas".

O presidente-executivo da companhia, Tony Hayward, viajou para os Estados Unidos logo depois do acidente na semana passada e afirmou que a BP está dando um tratamento "agressivo" ao problema.

"Esta é a maior resposta de qualquer um na indústria e podemos fazer isto pelo fato de termos nos preparado", disse.

Doug Suttles, o chefe de operações e produção da BP, afirmou que a companhia está gastando US$ 6 milhões (R$ 10 bi) por dia para tentar limpar a mancha de petróleo e parar o vazamento, mas ainda não tem certeza das causas do problema.

Queda das ações

Na quinta-feira, quando a Guarda Costeira dos Estados Unidos anunciou que o vazamento de petróleo era cinco vezes maior do que o divulgado previamente, o preço das ações da BP caíram 6,5 %. No total, as ações da BP registraram queda de cerca de 4,5% desde a explosão.

Russell Corn, vice-presidente companhia de análise corporativa Diligence, disse à BBC que o desastre causará preocupação crescente para a administração da BP.

"É mais provável que desencadeie um pressentimento (nos mercados) de que a crise (gerada pelo desastre) será cara e danosa para a companhia e, portanto, resultar em alguma forma de sentimento negativo nos mercados de ações", afirmou.

Stephen Cheliots, do Centro para Análise de Marca em Londres, disse que à BBC que os desastres ambientais podem afetar a imagem das gigantes do petróleo como a BP.

"Podem ter um grande impacto em uma marca e podem prejudicar uma marca no longo prazo", afirmou. "Muitas pessoas podem fazer a ligação entre, por exemplo, a Exxon e o desastre com o Exxon Valdez."

Incidentes anteriores

Apesar de a BP ter destacado sua resposta rápida ao desastre no Estado da Louisiana - e sua cooperação com a investigação do incidente junto ao governo dos Estados Unidos - a reputação da companhia naquele país já sofreu golpes com incidentes anteriores.

Em dezembro de 2009 um júri do Estado do Texas concedeu uma indenização de US$ 100 milhões (R$ 173 mi) a dez funcionários de uma refinaria de petróleo da BP que afirmaram que um vazamento em 2007 os deixou doentes.

A BP alegou que qualquer substância tóxica tinha vindo de fora da refinaria - a mesma refinaria que já tinha sofrido com outra explosão em 2005.

Na explosão de 2005 ao sul de Houston, um total de 15 pessoas morreram e outras 170 ficaram feridas. A BP foi multada em US$ 87 milhões (R$ 151 mi) e também levou outra multa de US$ 50 milhões (R$ 87 mi) do departamento de Justiça.

Fonte: O Globo