A advertência do físico Stephen Hawking (foto ao lado), sobre o perigo de tentar fazer contato com extraterrestres, feita semana passada, em sua série de TV, chegou um pouco tarde. Várias mensagens já foram enviadas pela agência espacial americana e por outros grupos, e os extraterrestres, perigosos ou não, já estão até ouvindo música da Terra.

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Em 2008, a agência espacial americana transmitiu a canção "Across the Universe" dos Beatles, para a estrela Polaris, como parte das comemorações do 50º aniversário da agência. E não foi uma iniciativa isolada.

No mesmo ano, como parte da publicidade para o remake do filme "O dia em que a Terra parou", o filme inteiro foi irradiado para o espaço através da rede de espaço profundo da Nasa. Segundo o astrônomo Seth Shostak, essas transmissões continuaram sendo feitas, apesar da preocupação manifestada, durante uma conferência há 20 anos, de que poderíamos atrair "o tipo errado de extraterrestres".

Para o matemático Stephen Hawking, a vida deve estar presente no Universo sob muitas formas. A maior parte dos E.Ts será formada por microorganismos inofensivos, mas as espécies inteligentes mais avançadas "serão nômades, procurando mundos para conquistar e colonizar".Hawking se colocou contra a opinião corrente nos meios científicos, de que qualquer civilização alienígena que encontrássemos seria sábia e pacífica.

Vários projetos de envio de mensagens para o espaço foram implementados nos últimos 50 anos. Em 1974, o radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico (foto acima), usou sua antena parabólica de 305 metros de diâmetro para enviar um programa de três minutos de duração, em direção ao aglomerado estelar de Hércules.

Em 1990 foi a vez dos canadenses que enviaram várias mensagens para o espaço usando uma antena russa instalada na Ucrânia. Depois, houve as iniciativas da "Equipe Encontro", que incluíram até uma transmissão feita por estudantes adolescentes.

Essas mensagens estão viajando pelo Universo com a velocidade da luz (300 mil quilômetros por segundo), mas felizmente para nós, o Universo é muito grande. A transmissão feita para a estrela Polaris, por exemplo, vai levar 430 anos para chegar lá. Já a mensagem de Arecibo, para o aglomerado globular de Hércules, levará 15 mil anos para atingir possíveis ouvintes. Mas, é claro, que sempre existe a chance de que uma nave ou colônia alienígena, vagando pelo espaço, intercepte a mensagem bem antes disso.

A cientista planetária Sara Seager, do MIT, diz que as mensagens para E.Ts, não devem preocupar ninguém, porque elas são apontadas ao acaso, e não dirigidas para planetas semelhantes a Terra. Seager acha que, qualquer extraterrestre capaz de viajar até a Terra, será tão avançado que não precisará ouvir sinais de rádio para nos encontrar. Ela acha, que diante dessas criaturas estaríamos na mesma posição das formigas que moram na ilha de Manhattan.

Para Shostak, a distância da Terra ao mais próximo dos mundos habitados, deve estar em torno de dezenas de anos-luz (um ano-luz é igual a 5,9 trilhão de quilômetros). Daí que, mesmo viajando com a velocidade da luz, uma civilização extraterrestre levaria gerações para nos alcançar. O erro dessa argumentação é supor que eles, os E.Ts, têm um tempo de vida tão curto quanto o nosso.

Se forem robôs inteligentes, eles podem ser imortais, e uma viagem de centenas de anos pelo espaço, não seria problema para eles. Mesmo que sejam criaturas biológicas, o tempo de vida deles pode ser muito maior que o nosso.

Supondo

Em seu romance "As fontes do Paraíso", publicado na década de 1970, Arthur C.Clarke imaginou a visita a Terra de uma nave do Enxame. Uma raça de criaturas formada por células individuais imortais. Durante as longas viagens pelo espaço, as células do enxame se dissociam e tomam a forma de uma nuvem de partículas que se reproduzem por duplicação. Quando a nave se aproxima de um planeta, as células se juntam para formar um corpo com a forma adequada para o ambiente que vão explorar.

Se for um planeta aquático, o emissário do Enxame toma a forma de um peixe. No caso da Terra, ele assumiria uma forma humanóide, semelhante a nossa. E como é imortal, o Enxame não tem problemas para viajar a destinos situados a milhares de anos luz. Sua base, Ilhastral, fica na constelação do Sagitário.

De qualquer forma, o comentário de Hawking serviu para colocar em discussão um assunto que andava meio esquecido. Vivemos tão absorvidos pelas exigências de nossa vida diária que nos esquecemos de que há todo um Universo lá fora. E de que os cientistas que exploram esse Universo, frequentemente com verbas públicas, não costumam divulgar e consultar a comunidade a respeito daquilo que fazem em nosso nome.

Fonte: Jorge Luiz Calife (Diário do Vale) - Fotos: AFP / Divulgação - Noticias Sobre Aviação