O Ministério da Defesa da Argentina assinará neste mês uma carta de intenções para participar do programa de desenvolvimento do jato militar KC-390, da Embraer, de São José dos Campos, São Paulo, projeto de aeronave para transporte tático/logístico e reabastecimento em voo. O chefe de gabinete do ministério, Raúl Alberto Garré, afirmou na semana passada que a Força Aérea Argentina (FAA) tem uma demanda inicial estimada em cinco KCs-390. “Estamos sujeitos ao resultado do ciclo de planejamento, mas calculamos que vamos precisar de mais ou menos uns cinco aviões”, disse ele.

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O primeiro plano estratégico da antiga fábrica militar, rebatizada como Fábrica de Aviões de Córdoba (Fadea), depois de sua estatização em 2009, será apresentado no final desse ano e contempla um período de cinco anos, a partir de 2011. Garré disse que a Argentina pretende ter uma participação ativa, como sócio de risco na engenharia de protótipos e produção de peças e compra de aviões. “A nossa ideia é participar desde a origem do desenvolvimento do projeto, sermos fornecedores de peças do avião e, obviamente sermos compradores”, ressaltou. Neste sentido, a carta de intenções entre os dois países será assinada entre os dias 28 e 29 deste mês, quando está prevista a reunião do grupo de trabalho conjunto.

O convite à Argentina para participar do programa KC-390 foi feito pelo ministro Nelson Jobim, no final do ano passado. “Diante do requerimento de Jobim, respondemos que sim, que nos interessa participar do projeto porque analisamos as especificações técnicas do projeto encomendado pela Força Aérea Brasileira (FAB) à Embraer e elas coincidem com a logística que necessitamos na FAA”, ressaltou o chefe de gabinete e irmão da ministra Nilda Garré.

Garré afirmou que a Argentina possui enormes diferenciais entre seus competidores para entrar no projeto. “Somos o único país da América Latina com uma fábrica do porte da unidade de Córdoba”, disse ele. Além disso, continuou, as autoridades da Embraer verificaram a capacidade da fábrica argentina para ser fornecedora de peças. “Como empresa integradora de engenharia e de peças, a Embraer deve ter visto nossa capacidade de produção e mão de obra qualificada”, opinou. Garré também mencionou o benefício da proximidade entre os países, gerando uma superioridade competitiva do ponto de vista econômico, como o custo de frete. Outro ponto a favor, segundo ele, “é a decisão política expressada pelos dois governos de constituir esse grupo de trabalho conjunto para encontrar fórmulas de integração desse setor”.

A subsecretária de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Mirta Iriondo, reconhece que a indústria aeronáutica local foi destruída ao longo dos anos e que a antiga fábrica militar de aviões “foi sucateada”. Ela diz que a Fadea “necessita de um empurrão de investimentos para ir solucionando os problemas de produtividade”. A idade média das máquinas e equipamentos chega a 45 a 50 anos. No entanto, continuou, em relação aos países concorrentes, “a Argentina tem enormes vantagens, começando com a qualidade de recursos humanos”.

Mirta recordou também que o país tem quatro universidades de engenharia de aeronáutica e, por falta de uma indústria forte, os técnicos que não vão para o exterior são absorvidos pela indústria automobilística. “Outra vantagem é que somos uma empresa com uma história na produção, apesar de ter tido altos e baixos, e já trabalhamos com o Brasil em projetos como o CBA 23, no passado.”

Fonte: Jornal do Comércio