A decisão sobre a compra do futuro avião de caça da Força Aérea Brasileira, o projeto FX-2, vai ser tomada conjuntamente entre o presidente Lula e seu sucessor, declarou ontem o ministro da Defesa, Nelson Jobim, durante seminário na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). É a segunda vez que um presidente em exercício evita tomar a decisão sobre a compra dos aviões e a deixa para o sucessor. A decisão sobre o programa FX original, que poderia ter sido do então presidente Fernando Henrique Cardoso, também foi deixada para o sucessor. Que agora também adia a decisão.
"Essa chorumela ainda não resolvida", nas palavras de Jobim, poderá ter uma decisão em novembro. Jobim comentou que o "lobby" para venda dos caças está intenso. Os caças concorrentes são o sueco Gripen NG, o francês Rafale e o americano F/A-18 Super Hornet.
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Ministro da Defesa diz que a decisão sobre futuro avião da FAB será tomada em conjunto com o presidente eleito. Brigadeiro Juniti Saito, da Aeronáutica, estima que a primeira aeronave do programa FX-2 só será entregue em 2016
"Não vamos comprar um avião", diz o ministro, e sim criar uma "capacitação nacional". Segundo Jobim, desde 2008 o critério mais importante para a aquisição dos caças não é meramente técnico -qual avião a FAB consideraria mais adequado a suas necessidades operacionais-, mas envolve outras questões complexas -além da transferência de tecnologia, há os "offsets", compensações e investimentos pela empresa vencedora em outros setores da economia.
Ele disse também que o Brasil quer garantias não só da empresa fabricante mas também do governo do seu país de que essa transferência será devidamente feita.
O brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica, estima que a primeira aeronave do programa chegue à FAB em 2016.
Jobim afirmou que a estratégia de defesa brasileira tem três prioridades: em primeiro lugar, o monitoramento e controle do território do país e do seu mar territorial; em segundo lugar, a mobilidade das forças para atingirem rapidamente áreas com problemas de segurança; e, em terceiro lugar, a presença física de unidades das três forças nas diversas regiões do país, com destaque para a hoje pouco defendida Amazônia.
Entre os programas de reaparelhamento que facilitariam esse "desdobramento" de forças, ele citou o avião de transporte KC-390, projeto da Embraer; a compra de novos helicópteros de transporte; e o desenvolvimento um novo veículo 6x6, chamado VBTP-MR Guarani (Viatura Blindada Transporte de Pessoal Média sobre Rodas), para substituir dois veículos produzidos pela antiga Engesa, os hoje obsoletos EE-11 Urutu e o EE-9 Cascavel.
Questionado pela Folha se ele cogitaria ficar no ministério em um novo governo, do PT ou do PSDB (já que foi ministro da Justiça de FHC), Jobim brincou: "Telefone pra minha mulher". "Quem deve teme", arrematou, em meio a risadas da plateia de empresários e militares.