Caça Dassault Rafale da Armée de L'Air parte para um voo de demonstração no Aero India 2011

Foi um duelo sem rodeios durante o Aero Índia 2011, e o prêmio desse duelo era nada mais nada menos que um contrato de US$ 10 bilhões. Um por um, quatro dos mais avançados aviões de combate do mundo rasgaram os céus indianos, conscientes dos olhos atentos dos funcionários do Ministério de Defesa indiano que poderão decidir qual deles é mais adequado para o MMRCA, que prevê a compra de 126 aviões aviões de combate médio.

O caça Boeing F/A-18F Super Hornet, da U.S. Navy, inicia a sua apresentação no Aero India 2011

Cada performance executada mirava a fortuna envolvida no MMRCA. Durante várias entrevistas com funcionários do Ministério da Defesa, pilotos IAF e representante dos fornecedores , ficou claro o estágio atual da disputa do MMRCA.

No relatório da Força Aérea Indiana nenhum dos concorrentes foi oficialmente eliminado, mas o desempenho de alguns aviões deixou claro que a disputa ficará restrita a aviões europeus. O exemplo mais claro desses aviões, foi o do russo MiG-35, que não apareceu no Aero Índia 2011. Depois de vários problemas durante os estudos de avaliação de vôo, ele é considerado pelo IAF quase que como um MiG-29 atualizado. Podemos dizer que o caça russo está definitivamente fora da disputa. Outro exemplo, um pouco menos triste foi o do Lockheed Martin F-16IN Super Viper, que chegou a viajar para Bangalore, mas sequer participou da inauguração do evento.


Caça Lockheed Martin F-16F Block 60 da Força Aérea dos Emirados Árabes, durante o Aero India 2011

O ministro da Defesa Indiano A.K. Antony reiterou hoje que as considerações políticas não desempenham qualquer papel na disputa do MMRCA, mas outros funcionários foram menos diplomáticos “O F-16 está na corrida apenas no papel, os EUA não serão autorizados a fornecer o mesmo avião para a Índia e para o Paquistão ” disse um oficial do ministério da defesa. “Além disso, o F-16 chegou já chegou ao fim do seu ciclo de desenvolvimento. Não há possibilidades de melhorá-lo ainda mais.”

A Lockheed Martin parece já saber que sua campanha no MMRCA está fadada ao fracasso. Ao longo dos últimos dois meses, alguns funcionários da empresa e até mesmo representantes do Pentágono, mudaram o foco para o F-35, a quinta geração caça invisíveis que a Lockheed Martin está desenvolvendo. Mas, apesar do Chefe do Pentágono, Ashton Carter, demonstrar o desejo americano de incluir a Índia no programa F-35, o Ministério da Defesa indiano não se mostra interessado. Questionado sobre a obtenção de um caça de quinta geração dos EUA, Antony respondeu: ”Já estamos envolvidos com a Rússia para produzir uma quinta geração desses caças, nenhum outro país nos ofereceu suas tecnologias no passado e agora que estamos muito à frente(na parceria com a Rússia), não há possibilidade de voltar atrás.”


Stand da Eurofighter com o caça Typhoon da Força Aérea Italiana

O outro americano, o F/A-18 Super Hornet, deliciava os espectadores com uma exibição soberba de manobras de combate, demonstrando através delas a sua história como caça de combate, o F/A-18 foi o único candidato que voou com mísseis instalado sob suas asas, o que geralmente é evitado em acrobacias por causa do arrasto provocado. Mas, embora o Super Hornet tenha feito apresentações espetaculares, suas acrobacias foram realizadas em velocidades consideradas lentas. E essa lentidão também é levada em conta contra sua campanha na Índia. ”O F/A-18 teve uma desempenho não muito bom durante o vôo de avaliação”, disse um funcionário da Força Aérea Indiana que esta intimamente envolvido no processo.

Tendo em vista essas condições, os três competidores europeus: o Eurofighter(de um consórcio de 4 países), o Dassault Rafale(da França) e o Gripen da Saab(da Suécia) tiveram cada um deles uma exibição soberba de acrobacias em alta velocidade, loops espetaculares, vôo invertido e outra manobras que claramente extrapolaram os limites dos envelopes de vôo das aeronaves.


Caça Saab Gripen durante apresentação no Aero India 2011

O Gripen mostrou enorme agilidade na sua movimentação vertical, algo que permitiria subir acima do caça inimigo em um duelo, para uma posição vantajosa de ataque. No final de sua apresentação, o piloto do Gripen tratou de demonstrar de como o avião precisa de pouca pista para pousar, parando totalmente em apenas 900 pés.


Uma visão geral do pátio com os caças que concorrem no MMRCA alinhados lado-a-lado

Mas os oficiais da IAF apontam dois problemas fundamentais para a campanha do Gripen: ”O radar do Gripen AESA é o menos desenvolvido de todas os envolvidos no MMRCA , e, sendo um caça monomotor, ele transporta significativamente menos armas do que os concorrentes bimotores.”

A vantagem bimotor foi imediatamente evidente quando o Rafale e o Eurofighter foram para o céu, atacando os espectadores com uma “sonic boom”. Havia pouca diferença entre as duas aeronaves que, alternando entre manobras de alta carga G, curvas apertadas e voos em elevados ângulos de ataque em baixa velocidade arrancaram aplausos dos espectadores. ”A competição do MMRCA agora é entre o Eurofighter e o Rafale”, disse um oficial da IAF que estava associado à avaliação do vôo. “Para reduzir o preço, o Ministério da Defesa pode admitir um pequeno combatente, com um radar não tão sofisticado, aí, por razões econômicas o Gripen pode ser o azarão a ganhar essa batalha.”

Fonte: Business Standard / Cavok