O Irã afirmou nesta quarta-feira (20) que derrubou um avião não-tripulado de espionagem dos Estados Unidos que sobrevoava uma de suas instalações nucleares, um dia depois de o país confirmar a instalação de uma nova geração de centrífugas para o enriquecimento de urânio.

Segundo o deputado iraniano Ali Aghazadeh Dafsari, em entrevista ao Clube dos Jovens Jornalistas, ligado à TV estatal, a aeronave foi abatida por forças da Guarda Revolucionária quando sobrevoava Qom, uma cidade sagrada para os muçulmanos xiitas no oeste do país, situada próxima às instalações de enriquecimento de urânio de Fordu.

- O avião estava tentando coletar informações sobre a localização da instalação.

Dafsari não deu maiores detalhes sobre a operação.

A instalação nuclear de Fordu foi construída sigilosamente dentro de uma montanha fortificada, perto de Qom. O Irã só admitiu sua existência depois de o local ser identificado por agências ocidentais de inteligência, em 2009.

Na terça-feira (19), o governo iraniano deu a entender que confirmava o teor de uma reportagem divulgada na semana passada pela agência de notícias Reuters, mostrando que o Irã estava instalando dois modelos mais avançados de centrífugas usadas para enriquecer urânio.

O urânio enriquecido, dependendo do seu grau de pureza, pode ser usado como combustível de usinas nucleares, ou na produção de armas atômicas. Governos ocidentais acusam o Irã de tentar construir bombas atômicas secretamente, mas Teerã afirma que seu projeto tem fins pacíficos e visa a produção de energia.

Em janeiro, o Irã já havia anunciado o abate de dois aviões ocidentais de reconhecimento, não tripulados, no Golfo Pérsico. O Pentágono negou a notícia, mas admitiu que alguns aviões de espionagem haviam caído no passado, todos por problemas mecânicos.

Os EUA e Israel não descartam o uso da força militar para destruir instalações nucleares iranianas, e Teerã alerta que reagiria atacando o Estado judeu e alvos norte-americanos na região do Golfo.

Analistas dizem que a retaliação iraniana poderia vir também pelo fechamento do estreito de Ormuz, pode onde passa cerca de 40% do petróleo comercializado no mundo.

Fonte: R7