A poucas horas do encerramento da missão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Líbia, o novo governo do país anunciou seu primeiro-ministro interino. Abdel-Rahim al-Keeb, um acadêmico especializado em engenharia elétrica de Trípoli, foi escolhido pelos membros do Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio numa eleição que contou com a presença de jornalistas estrangeiros. Eleito por um voto de diferença - 26 a favor e 25 contra -, Keeb substitui Mahmoud Jibril no posto e deve nomear seu Gabinete nos próximos dias.

O CNT quer que um Congresso Nacional seja eleito em oito meses, e que as eleições multipartidárias sejam realizadas em 2013. O governo interino vai governar a Líbia até o pleito.

A segunda-feira também será de mudanças no campo militar. Sete meses depois de bombardear Benghazi no início da ofensiva contra as forças de Muamar Kadafi, Otan encerra à meia-noite a missão que ajudou a dar fim aos 42 anos do regime. Anunciado na semana passada, o término das operações desagradou o governo interino líbio, que pedia ações internacionais até o fim do ano. Diante do fim da ajuda militar, o CNT líbio acelera agora a formação de um novo Exército.

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Desde 19 de março, quando a Otan começou a agir amparada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, as mais de duas mil ações aéreas, o patrulhamento da costa, e o envio de assessores militares franceses, britânicos e italianos ajudaram a impedir que a revolta popular contra Kadafi fosse sufocada pela resistência de suas forças. Mas, embora tenham pedido a prorrogação das operações da Otan, os líbios acreditam que os kadafistas remanescentes no país não representam um perigo para o novo governo do país.

- Devemos ter cautela. Preferiríamos que a Otan permanecesse até o fim do ano, mas não acreditamos que seja possível um contra-ataque dos fiéis ao antigo regime. Cada dia estamos mais fortes - diz ao jornal "El País" Mohamed Alí bin Kura, porta-voz militar de Zauiya.

A formação de um novo governo interino e de um Exército que substitua as milícias que ajudaram a derrubar o ditador são as prioridades dos atuais governantes líbios. Segundo o "El País", coronel Bashir el Neiri, um dos oficiais que combateu em Misurata, explica que o procedimento de formação do Exército tem base local.

- O conselho militar de cada cidade está escolhendo seus representantes, que irão a Benghazi na próxima semana para estabelecer a nova hierarquia militar e escolher seus chefes - diz Neiri.

Fonte: O Globo