Jatos são legais, mas não servem pra tudo. Toda a tecnologia bélica dos países de primeiro mundo foi projetada para situações de guerra total, franca e aberta. O cenário atual não foi previsto, então ninguém tem equipamentos adequados para lidar com terroristas e insurgentes. Gastar uma bomba guiada a laser de US$50 mil com dois idiotas em um camelo não é algo viável.

As missões de apoio aéreo também não estão funcionando direito. O A-10 Warthog é um avião magnífico para voar rasante em um campo de batalha hostil e destruir tanques russos, como fez na Guerra do Golfo, mas quando você está em uma trincheira a 20m do inimigo um avião passando a 300 quaquilhões de Km/h, com 0,003s para diferenciar amigo de inimigo pode não ser a melhor escolha.

Por isso os EUA (e todo mundo) estavam atrás de um avião pequeno, turbohélice, bem-armado e blindado contra armamento leve. Vários entraram na disputa, mas os finalistas foram o AT-6 Texan 2, venerável sucessor do AT-6 Texan, caça de treinamento da 2a Guerra (no qual tive a honra de voar) e o Super Tucano da Embraer.

Com os cortes no orçamento de defesa dos EUA o projeto de compra de caças havia sido suspenso, mas logo depois surgiu uma oportunidade: O Afeganistão estava pedindo caças para combater o Talibã. Queriam jatos mas a situação era perfeita para um caça de ataque leve. Assim os EUA comprarão para o governo de Kabul 20 aviões.

A um custo de US$9 milhões por cada Tucano, é um troco considerável no bolso da Embraer, mas dificilmente levariam, o AT-6 é feito pela Raytheon, “temos que valorizar o produto nacional” vale pra nós e pra eles também.

Só que agora saiu a notícia de que o AT-6 foi eliminado da competição. Sem explicações, o mais puro “sua ligação é muito importante para nós”. Tadinhos.

Alguns dizem que pode ser uma forma de amaciar o Brasil para que escolha o FA-18 para o programa FX2 de compra de caças da Força Aérea, mas uma compra de US$180 milhões como agrado em uma venda de US$8 bilhões nem de longe é um brinde substancial, e de qualquer forma o Governo Federal nem cogita dar prosseguimento ao FX2.

Se a Embraer levar essa abrirá a porta para compras bem mais substanciais, direto para a USAF, mantendo assim a tradição do Brasil de ter uma das maiores indústrias bélicas do mundo mas vender junto a conversa mole de que é um país pacífico e que somente os EUA lucram com guerras.

Fonte: Defense Tech - Via Meio Bit