A recente divulgação do inicio da produção em série do míssil anti-navio iraniano batizado de «Zafar», vem colocar mais pedras no sapato das forças internacionais no golfo pérsico e especialmente na segurança dos navios da esquadra americana na região.

Sabe-se que o «novo» míssil é uma cópia do sistema chinês C-701 e o primeiro teste da versão iraniana foi anunciado há cerca de um ano em Abril de 2011. O primeiro míssil «Zafar» foi entregue em Fevereiro de 2012, ainda que não haja um informação precisa e confiável sobre a real capacidade de produção iraniana.

É o entanto absolutamente seguro, que a República Islâmica continua a importar componentes vitais da China, de entre os quais se destaca o sistema de orientação. O míssil foi adaptado para poder ser lançado a partir de pequenas embarcações (já o era a partir de pequenas plataformas móveis terrestres).

Os iranianos tradicionalmente divulgam a cópia de sistemas, mesmo que com uma incorporação local mínima, como se fossem produtos 100% locais.


Acima o míssil de cruzeiro anti-navio "Qader", um dos mais novos mísseis desse tipo iranianos


Capacidades

Este sistema é relativamente obsoleto, mas destina-se a armar o grande número de pequenas lanchas e vedetas das forças navais iranianas, tanto da marinha como dos guardas da revolução.
A doutrina por detrás da necessidade de uma arma deste tipo, implica a utilização de números consideráveis de mísseis contra navios inimigos.

Além de ataques contra navios militares, estes mísseis são de vital importância se os iranianos levarem à prática sua ameaça de fechar o golfo pérsico, privando o mundo de muito de seu vital petróleo.
O «Zafar» poderá atingir alvos a distâncias de até 20km e utiliza normalmente dois sistemas de controlo. Um por radar (muito dependente da capacidade de controlo do espaço radio-electrico) e outro por meios electro-ópticos (emissor de televisão), que a curtas distâncias pode ser eficaz, mas que também pode ser alvo de ataque às frequências do espaço radioelectrico..

Especialistas ocidentais afirmam que uma ação surpresa poderia em caso de conflito causar graves danos a forças norte-americanas no golfo e também poderia ser eficaz numa primeira fase contra navios mercantes. Já se as forças norte-americanas estiverem de sobreaviso, a possibilidade de lançamento de um ataque eficaz estará comprometida.

Para os iranianos, seu principal problema, decorre da necessidade de as lanchas precisarem conseguir coordenar um ataque, num ambiente de guerra electrónica em que as comunicações e sistemas de controlo e coordenação são profundamente afetados.
Como os radares e os próprios mísseis C-701 são relativamente obsoletos, eles poderão em principio ser contrariados.
Já para ataques combinados utilizando este tipo de sistema, é pouco provavel que tal seja possível. Os navios atacantes precisariam estar demasiado próximos uns dos outros, tornando-se alvos mais fáceis.

Ainda que a ameaça possa ser contrariada, os norte-americanos estão a considerar a possibilidade de dispor no golfo de armamento mais ligeiro, de tal forma que os iranianos tenham que se preocupar não apenas com os grandes contra-torpedeiros e porta-aviões, mas também com lanchas equivalentes às suas ainda que melhor equipadas do ponto de vista das comunicações, sensores e sistemas de comando e controlo.

Esta estratégia de combater o fogo com o fogo tem em Washington muitos adeptos, ainda mais que 20 lanchas com 20 homens cada uma são inimaginavelmente mais baratas de manter que um simples contra-torpedeiro.
Durante a II guerra mundial, os norte-americanos conseguiram destruir couraçados japoneses com lanchas torpedeiras do tipo PT e alguns dos seus mais importantes sucessos resultaram da utilização de navios de pequenas dimensões.

Fonte: Area Militar