O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, 58, disse na quinta-feira que o Brasil apoia plenamente a soberania argentina sobre as Ilhas Malvinas. "Apoiamos plenamente a soberania da Argentina nas Malvinas, e defendemos que seja seguido o que é previsto pela ONU no que diz respeito à descolonização. As Malvinas se enquadram nesse caso", afirmou ele, durante sabatina realizada na quinta-feira pelo jornal Folha de S.Paulo, na cidade de São Paulo.

"Defendemos que haja um diálogo, o que não tem ocorrido. Aliás, não só o Brasil apoia, como posso dizer que toda a América Latina e o Caribe", acrescentou. O governo argentino, por meio da presidente Cristina Kirchner, voltou recentemente a reivindicar o território das ilhas aos britânicos, que já motivou uma guerra entre esse país e o Reino Unido há 30 anos.

Em 1982, durante a guerra das Malvinas, e devido ao avançado estado de obsolecência de seus Aviões Neptune, a Armada Argentina se viu sem meios de patrulha marítima adequados para sua necessidade. A FAB cedeu para a Armada de la República Argentina (ARA) dois Bandeirulhas. Os dois aviões foram operados no auge da Guerra, a partir de maio e devolvidos à FAB ao término do conflito.

 
Israel x Palestina
Para o chanceler, o conflito entre Israel e palestinos não é abordado da forma como deveria pelo Conselho de Segurança da ONU, o que talvez seja o principal problema para a paz internacional. "Esperou-se que esse problema ficasse a cargo do Quarteto [Estados Unidos, União Europeia, Rússia e Nações Unidas], mas não tem dado resultado. Mas não queremos só criticar o Quarteto, mas dar exemplos bem-sucedidos", afirmou.

Patriota também falou sobre os impactos da crise europeia e a preocupação do governo brasileiro com o tema. Segundo ele, a crise ameaça o desenvolvimento dos países emergentes, e que as medidas já tomadas "esbarram na realidade política". "A crise [europeia] nos preocupa porque tem impacto mundial e diminui as perspectivas de crescimento até para nações em desenvolvimento", disse. "A crise é profunda e séria, mas transitória", acrescentou.

Para o chanceler brasileiro, a eleição do socialista François Hollande para a Presidência da França pode modificar "a dinâmica" da busca de soluções para o imbróglio europeu. Hollande foi eleito prometendo reformar o atual pacto dos países do bloco europeu para controlar os rombos das contas públicas. Ele criticou a ênfase nas medidas de austeridade e pediu mais estímulos ao crescimento econômico.

Patriota mencionou ainda o caso da Grécia, mergulhada numa dupla crise - política e econômica: sem governo e em seu quinto ano de recessão. "A Grécia não tem opções muito boas. Todas são um pouco problemáticas", admitiu.
Fonte: Folhapress - Jornal Agora