Há exatos 70 anos, Fortaleza então com pouco mais de 180 mil habitantes, era 'convidada' a entrar na II Guerra Mundial. O Brasil so declararia Guerra ao Eixo em 22 de agosto de 1942. 

Em 18 de maio de 1942, navio brasileiro Comandante Lyra dentro de águas nacionais. Especificamente estava a 330 Km de Fernando de Noronha quando recebeu um torpedo e disparos de canhão de 100mm. O submarino Italiano Barbarigo foi certeiro e causou grandes prejuízos, mas não chegou a afundar o navio que ficou a deriva e depois foi rebocado pela Corveta da US Navy 'Thrush'.

O Comandante Lyra era dotado de casco duplo fundo e provavelmente por isso não foi a pique. Alem disso o comandante do Submarino Barbarigo capitão Enzo Grossi, era nascido no Brasil (20 de abril de 1908 - Talvez por isso não tenha posto a pique o Comandante Lyra). Enzo Grossi sobreviveu a Guerra domiciliou-se na Argentina, onde faleceu em 11 de agosto de 1960.


Assim em 22 de maio, ao realizar missão de patrulha, um B-25 Mitchell (FAB-2310, US 40-2310 - 'Lero Lero'), do Agrupamento de Aviões de Adaptação, sediado em Fortaleza mal sabia que seria o primeiro a realizar disparo contra um 'navio' inimigo.

Tripulado pelos Cap.-Av. Affonso Celso Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona Pinto, tendo ainda a bordo o 1º Ten. Henry H. Schwane, 2º Sgt. Willian D. Tyler, 2º Sgt. Morris Robinson e 3º Sgt. John G. Yates, estes norte-americanos, surpreenderam às 13h57min um submarino do eixo entre o arquipélago de Fernando de Noronha e Atol das Rocas. O avião estava municiado com 10 bombas de demolição de 100 lb - (45Kg cada), lançando-as em uma única passagem (300m de altitude) que foram cair próximas do alvo. Devido ao fogo da antiaérea, a aeronave afastou-se da área.

B-25b FAB 40-2310 at Adjacento Field - Fortaleza AFB - 1942Posteriormente o 2310 recebeu o nome 'lero lero'

Cap. Oswaldo Pamplona Pinto, 1º Ten. Henry H. Schwane, Cap. Affonso Celso Parreiras Horta


Dia 27 de maio de 1942 – Ocorreram dois ataques: o primeiro pela manhã, a 120 milhas a leste de Fortaleza, um B-25 do Agrupamento de Aviões de Adaptação, sediado em Fortalezatendo como equipagem o Cap.-Av. Affonso Celso Parreiras Horta, Tenente Cruz Whittington, Sgts. Yates e Killam, norte-americanos, e Sgt. Santiago. Levava como armamento uma bomba de profundidade de 320 lb e três de demolição de 500 lb. O submarino encontrava-se parado na superfície. As bombas foram lançadas, fazendo com que a proa do submarino saísse completamente fora d’água; o segundo deu-se às 16h30, a 40 milhas ao norte de Fortaleza, quando foram lançadas 4 bombas de demolição de 500 lb. A tripulação era composta pelo Cap.-Av. Oswaldo Pamplona Pinto, 1º Ten.Henry H. Schwane, Sgts. Craft e Bexgh, norte-americanos, e o Sgt.Venâncio.

Esses ataques ensejaram mensagem de congratulações do Presidente Franklin Delano Roosevelt ao Presidente Getúlio Vargas. 


A iniciativa de agir ofensivamente dos aviadores já era esperada para quando a guerra submarina chegasse ao litoral brasileiro (os americanos ja sabiam que a guerra submarina chegaria ao país e por isso treinavam a FAB em substituição a Missão francesa - 1940). Conhecidentemente passarem por Recife a caminho da unidade de treinamento em Fortaleza, tinham 'conversado' com o brigadeiro Eduardo Gomes, comandante da 2ª Zona Aérea. Perguntado sobre o que fazer caso se deparassem com um "um navio hostil", o comandante respondeu que "deveriam atacar". Em um país em "estado de guerra" a definição de “hostil” era simples: qualquer um que não tivesse identificação era hostil.

De qualquer sorte, o ataque ao Comandante Lira e a subsequente perseguição ao agressor, fato este amplamente divulgado pelo Governo Brasileiro, é considerado como a primeira ação de guerra (batismo de fogo) da então recém criada Força Aérea Brasileira.

By Vinna