Os americanos são os mais preparados para gerar ataques virtuais, embora a China seja o país com maior capacidade de se proteger de uma possível "ciberguerra". Essa é a opinião do diretor global de pesquisa e análise da Kaspersky (empresa de segurança na internet), Dmitry Bestuzhev.

Segundo ele, os Estados Unidos seriam o país que tem melhores condições para gerar ataques virtuais atualmente. Porém, devido ao tipo de governo, em que há uma menor interferência estatal em setores econômicos, o país acaba tendo uma grande dificuldade de se defender dos ataques. Para o diretor, a China, comunista e com estrutura fechada, acaba tendo melhores condições de se defender. 

Segundo ele, esse tipo de crime atualmente não tem efeitos limitados ao mundo digital, mas pode ser responsável por ataques similares a armas de destruição de massa. Conforme a empresa, a cooperação entre os países e o término do anonimato na internet são fundamentais para combater esse tipo de ataque futuro. 

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheCyryD1x0KnqJGkPFgwuz40aF8bV8VxLH8vD5ACUyvd34skbK-duMOMZ2yP_N3uP0O-deQRRPiSok1Ji93M3VPQoJWxPQ4hXpY0CUrpn3Ruf1x_4RLe7jkMxUbFp59GoUy3CTnqmq5sE/s400/china-vs-usa2.jpg"A tecnologia não é mais uma ferramenta, mas um meio que influencia diretamente a nossa vida. Agora é possível provocar a morte de pessoas agindo diretamente em uma plataforma da internet, sem comprar nenhuma arma", diz. Para o diretor, os criminosos atuais podem, sem grandes dificuldades, acessar sistemas de segurança de aeroportos, além de outros sistemas de transporte de massa como trem, metrô, além de outros serviços como sinalização pública. "O vírus atualmente é digital, mas o impacto é físico, capaz de criar uma destruição física em massa maior do que uma arma nuclear", conta.

Atualmente, conforme o diretor, a ciberguerra é incentivada pela facilidade de compra e venda de informações sobre delitos cibernéticos, que circulam facilmente entre os países. Segundo ele, as perspectivas para o futuro não são boas, pois os governos podem fazer transferência desse tipo de tecnologia entre países amigos, além de desenvolver sistemas próprios ou comprar esse tipo de serviço no exterior.

Para evitar a proliferação dos crimes cibernéticos os governos deveriam regularizar o uso das armas cibernéticas e desenvolver sistemas industriais e operacionais que sejam absolutamente seguros, diz o diretor. "Também é preciso que a internet deixe de ser um local em que prospera o anonimato, ou a proteção contra esse tipo de crime ficará complicada", completa.

Um caso emblemático caso do Stuxnet, que invadiu os sistemas do Irã e provocou a destruição de 20% do programa nuclear do país, além de atrasar o programa em cinco anos. "Os ataques cibernéticos são baratos, anônimos, instantâneos e destrutivos, o que os torna cada vez mais comuns", diz. 

Para Roberto Martinez, analista da Kaspersky, a dificuldade em identificar os cibercriminosos também se concentra no fato de que eles não precisam ter um conhecimento especializado - são considerados um novo tipo de empreendedores, que não operam em apenas um país, mas são transnacionais.

Segundo ele, os países enfrentam dificuldade em criar uma legislação que permita a investigação, mas ao mesmo tempo proteja os direitos civis e a liberdade de expressão. "Estamos falando de crimes sem evidências físicas, com provas digitais frágeis que podem ser identificadas. É uma linha tênue a separação entre os direitos constitucionais dos habitantes e o anonimato". Conforme o analista, o combate ao anonimato é fundamental já que pesquisas confirmaram que quando as pessoas estão atuando anonimamente, eles têm comportamentos menos éticos do que quando estão identificadas. 

O analista afirma que a dificuldade de criminalização desses delitos esbarra na falta de uma legislação específica, de acordos internacionais e de uma jurisdição capaz de continuar investigando os delitos que ocorrem entre países. Outra dificuldade é que as vítimas de crimes virtuais em geral não prestam denúncias.

"É importante incentivar a cooperação internacional contra o crime cibernético, e trabalhar na implementação de leis locais e internacionais, porque nenhum país consegue resolver esse tipo de ataque sozinho, as leis na maioria dos casos estão defasadas e a colaboração entre empresas e governos é fundamental para combater os ataques virtuais", conta. 

Fonte: Terra