Bombardeios e combates mortais entre forças governamentais e rebeldes prosseguem neste sábado em toda a Síria, principalmente em Aleppo, cidade do norte do país abalada nos últimos dias por combates de intensidade sem precedentes. Em Damasco, o exército bombardeou as localidades de Ghouta oriental, onde os combatentes rebeldes têm forte presença, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Em Nova York, a oposição síria, que exige desde o início do levante em março de 2011 ajuda da comunidade internacional, recebeu na sexta-feira dezenas de milhões de dólares em ajuda adicional, mas essencialmente humanitária, da parte dos Estados.

 No terreno, os bombardeios deixaram muitos feridos nos bairros de Sakhour, Bab al-Hadid, Salaheddine e Karm al-Jabal, em Aleppo. Os combates continuam em Azizié e Arqoub, de acordo com o OSDH. Segundo esta organização baseada no Reino Unido e que se baseia em uma rede de ativistas e testemunhas, as lojas com portas de madeira do famoso souk do centro de Aleppo estavam "pegando fogo". Confrontos de magnitude sem precedentes ocorreram na quinta-feira e sexta-feira em Aleppo, palco de violentos combates há mais de dois meses. Uma fonte militar disse sexta-feira que vários ataques rebeldes foram repelidos, enquanto os insurgentes disseram ter progredido, mas sem fazer avanços significativos. Perto de Aleppo, um bebê de um ano de idade foi morto em um atentado a bomba que também feriu seu irmão e sua mãe em Maskana, de acordo com o OSDH. Em todo o país, pelo menos 72 pessoas, entre elas 31 civis, morreram neste sábado, de acordo com os dados provisórios da organização. No dia anterior, pelo menos 120 pessoas foram mortas em meio à violência, incluindo 71 civis, em um dia marcado, como toda sexta-feira, por manifestações contra o regime, de acordo com o OSDH, que acredita que mais de 30.000 pessoas morreram desde o início da revolta, há 18 meses. Perto de Damasco, os bombardeios em Ghouta têm como alvo os combatentes rebeldes. "Os militares querem destruí-los de uma vez por todas", disse à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. Esta área é o principal reduto do Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) e do batalhão Tajamo Ansar al-Islam, um grupo jihadista que assumiu a responsabilidade por um atentado duplo na quarta-feira contra a sede do Estado-Maior, em Damasco. "O exército quer vingança e são os civis que pagam o preço", afirmou Matar Ismail, cidadão-jornalista baseado em Damasco, garantindo que o regime "tem executado sumariamente muitas pessoas".

Ajuda americana à oposição "civil"

Em Damasco, três civis foram mortos durante um ataque contra as forças do regime no bairro Barzé (noroeste), enquanto os confrontos em Tadamoun (sul) foram seguidos por perseguições. Na província de Deraa (sul), onde várias localidades foram bombardeadas, seis soldados foram mortos em combates. Os bombardeios também prosseguiram nas províncias de Homs e Hama (centro), Deir Ezzor (leste) e Idleb (noroeste), segundo o OSDH. Enquanto uma solução para o conflito é impensável no momento devido às divisões da comunidade internacional, a secretária de Estado americano Hillary Clinton dirigiu sexta-feira em Nova York, à margem da Assembleia Geral da ONU, uma reunião do grupo dos "Amigos do Povo Sírio", na presença de 20 países. Hillary anunciou uma ajuda humanitária adicional de 30 milhões de dólares "para o povo sírio" e 15 milhões de dólares para a oposição síria civil e desarmada. Rejeitando qualquer ajuda militar direta e uma intervenção armada na Síria. A ONU estima que mais de 700.000 sírios estarão refugiados até o final do ano em países vizinhos. Além disso, revisou para mais, a 488 milhões de dólares, a ajuda necessária para os refugiados. A Turquia abriga atualmente mais de 80.000 refugiados oficialmente registrados em vários campos no sudeste do país. Paralelamente, Ancara protestou depois de um projétil disparado na sexta-feira a partir do lado sírio da fronteira ter ferido uma pessoa e causado estragos em uma localidade do país.

Fonte: UOL Notícias/AFP