O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse ontem que o crescimento da economia brasileira nos últimos anos tornou o país um parceiro preferencial do Reino Unido. Na sua primeira visita oficial ao Brasil, ele reuniu-se com empresários, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e deixou claro o interesse em apoiar investimentos em áreas como energia e petróleo, infraestrutura, defesa, educação e indústria farmacêutica, consideradas de grande potencial nas relações entre os dois países. Segundo o site do diário Financial Times, Cameron espera que sejam assinados acordos comerciais no valor de US$ 165 milhões durante sua estada no país.
“No ano passado, o Brasil ultrapassou a Grã-Bretanha e tornou-se a sexta economia do mundo. E nós temos um ditado: se você não pode vencê-los, junte-se a eles”, disse, para descontrair a plateia. “O Brasil vai ter de investir em geração de energia e queremos participar disso”, acrescentou. “Na área de defesa, nós podemos ajudar no processo de modernização das forças armadas brasileiras, como dois países amigos podem e devem fazer.”

O primeiro-ministro disse que também espera investimentos brasileiros em seu país, apresentado como uma economia amigável aos negócios, pouca burocracia, e com a vantagem adicional de fazer parte do maior mercado do mundo, a União Europeia. A aproximação com nações que vem crescendo de forma mais acentuada nos últimos anos é uma estratégia para fazer a economia britânica sair da recessão em que se encontra. Não à toa, Cameron, que será recebido hoje pela presidente Dilma Rousseff, em Brasília, chegou ao país à frente de uma das maiores delegações empresariais já formadas pelos britânicos, com mais de 50 integrantes.

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O interesse do Reino Unido pelo Brasil cresceu com eventos como a descoberta do pré-sal, a realização da Copa do Mundo em 2014 e das Olimpíadas em 2016, o anúncio de grandes projetos na área de infraestrutura, como portos e ferrovias, além dos planos militares citados pelo próprio Cameron. Coincidindo com a visita, a General Dinamics UK, uma gigante no setor de defesa, anunciou a abertura de um escritório no Rio de Janeiro.
Ainda ontem, o primeiro-ministro participou da inauguração da segunda fábrica da multinacional inglesa JCB, líder mundial na fabricação de retroescavadeiras, na cidade de Sorocaba, no interior paulista, um investimento de US$ 100 milhões.
No encontro da Fiesp, o presidente da entidade, Paulo Skaf, lembrou que, apesar do grande relacionamento econômico do passado, o comércio bilateral não passa atualmente US$ 8 bilhões por ano, muito pouco diante do volume de transações dos dois países com o resto do mundo. Skaf lembrou ainda que foi um inglês, Charles Miller, o introdutor do futebol no Brasil. Cameron pegou a deixa: “O futebol é uma boa metáfora para as coisas que estamos discutindo aqui. Os britânicos inventaram o jogo, mas ele foi aperfeiçoado pelos brasileiros”, concluiu.

Fonte: Correio Brasiliense/NOTIMP/FAB