Em 5 de dezembro comemora-se na Rússia o Dia da Glória Militar. Há 71 anos, no início do inverno de 1941, começou a contra-ofensiva das tropas soviéticas nos arredores de Moscou. Desse modo a tentativa de Blitzkrieg fracassou e o mito da invencibilidade do exército hitlerista foi destruído.
Hitler esperava ocupar Moscou dois, três meses depois do ataque à União Soviética. Depois dos primeiros êxitos do exército alemão, ele exigiu do comando “tomar Moscou em 15 de agosto e terminar a guerra com a URSS em 1º de outubro”. Entretanto, tendo recuperado do golpe traiçoeiro, as tropas soviéticas passaram a ações mais ativas contra o inimigo. As encarniçadas batalhas por Smolensk, Leningrado, Kiev, atrapalharam a realização dos planos hitleristas. A Operação Tufão, cujo objetivo era a tomada da capital da URSS, começou somente em 30 de setembro.
As tropas fascistas avançaram sobre Moscou durante dois meses. Eles chegaram do noroeste e sudoeste, mas permaneceram a 40-45 quilómetros da capital. Hitler estava tão certo do término bem sucedido e em breve da operação, que deslocou parte da aviação para o Mar Mediterrâneo, para ajudar Mussolini.

Mas em 5 de dezembro as tropas soviéticas passaram à contra-ofensiva. “Não há para onde recuar – atrás está Moscou”, com este pensamento os soldados iam ao combate e lutavam até a morte. Os alemães estremeceram e começaram a recuar. A vitória da URSS na batalha por Moscou foi um momento de virada na Segunda Guerra Mundial – considera o dirigente científico do Centro de História das Guerras e Geopolítica, Oleg Rjechevski:
“A batalha de Moscou foi o início da chamada virada radical na guerra. É que a derrota das tropas fascistas alemãs nos arredores de Moscou significou o fracasso da guerra-relâmpago contra a União Soviética. Se nós abrirmos documentos alemães, veremos que a operação, segundo o plano Barbarossa deveria terminar em 5 meses. Por isso a derrota das tropas alemãs nos arredores de Moscou significou que a Alemanha perdeu o plano Barbarossa, e tinha pela frente uma guerra longa e ainda para mais, no inverno, para a qual ela não estava preparada.

Em um mês, o Exército Vermelho já tinha expulso as tropas alemãs a 100-250 quilómetros da capital soviética. Foram totalmente libertadas dos invasores nazistas as regiões de Moscou e Tula, as grandes cidades de Kalinin (atualmente Tver) e Kaluga. Os inimigos trocaram de papéis: o Exército Vermelho desenvolveu uma ofensiva geral, e os alemães recuaram. O mais importante, talvez, foi que ,os soviéticos acreditaram na própria possibilidade de expulsar o inimigo de sua terra – assinala o historiador Andrei Sakharov:
“A direção alemã, naquele momento, ainda não tinha consciência de que praticamente ocorrera uma viragem na guerra. Apesar de terem sofrido uma derrota, perdido muitos homens e equipamentos, o poderio de seu exército era ainda extremamente grande. Isto foi mostrado pelas batalhas posteriores, pela invasão no sul, no Volga. Entretanto a derrota moral teve grande significado: os alemães, desde o início da Segunda Guerra Mundial, nunca tinham encontrado resistência tão tenaz e, o que é mais importante, bem-sucedida.”
A batalha nos arredores de Moscou em 1941-42 entrou na história da Segunda Guerra Mundial como uma das maiores e mais sangrentas. As batalhas ocorreram num território de quase 1000 quilómetros na frente e 400 quilômetros em profundidade, o que, em área, se equipara à Inglaterra, Irlanda, Islândia, Bélgica e Holanda somadas. Os combates duraram mais de 200 dias e neles participaram, de ambas as partes, mais de 7 milhões de soldados, dos quais um milhão e meio ficou para sempre nos campos de batalha.